O empurrãozinho que falta para o dólar cair abaixo de R$ 4,70
O dólar à vista renovou nesta quinta-feira (27) mais uma mínima recorde, chegando aos R$ 4,70 pela primeira vez desde abril de 2022 na esteira do bom humor que prevalece no mercado doméstico.
A desvalorização da moeda norte-americana ainda reflete a elevação da nota de crédito de longo prazo em moeda estrangeira do Brasil pela agência de classificação de risco Fitch. A nota passou de “BB-” para “BB”, com perspectiva estável. Além disso, reage à decisão do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de voltar a elevar a taxa de juros nos Estados Unidos.
Desde que o dólar rompeu os R$ 5,00, em abril, analistas do mercado financeiro e economistas preveem que, em algum momento, a moeda ficará abaixo de R$ 4,70. Apesar da beliscada nesse patamar no pregão de hoje, qual é o empurrãozinho que falta para a divisa estrangeira ficar abaixo desse nível?
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O que mais falta para um dólar abaixo de R$ 4,70
O sócio-diretor da Pronto Invest, Vanei Nagem, prevê que, em breve, a moeda irá para R$ 4,65 em meio à forte entrada de investidor estrangeiro na Bolsa brasileira. “As coisas estão clareando no mundo inteiro. O dólar ainda poderá beliscar o R$ 4,60”, comenta.
O gerente da mesa de operações do banco de câmbio StoneX, Marcio Riauba, avalia que há vários fatores pela frente e que podem resultar nesse novo patamar.
“Essa nova tendência de arrefecimento da inflação global e a contínua flexibilização da taxa de juros nos Estados Unidos e na Europa refletem em migração de um fluxo para a B3, o que beneficia o real“, avalia.
Ele acredita que os desdobramentos em torno da inflação e dos juros podem ser esse empurrãozinho que falta para novas quedas da taxa de câmbio.
Na semana que vem, é a vez do Banco Central brasileiro definir se iniciará ou não o ciclo de corte da taxa Selic. A expectativa do mercado financeiro doméstico é de redução em 0,25 ou 0,50 ponto percentual (p.p.). Em agosto, faz um ano que a Selic está em 13,75% ao ano.
“O Brasil cortará os juros em conta gota. De todo modo, o mercado é positivo”, comenta Nagem. Em contrapartida, Riauba diz que não está “tão otimista assim”. Porém, ele acredita que fatores como inflação e juros lá fora podem ajudar o dólar a romper os R$ 4,70. “Mas tudo depende. Tem um horizonte benéfico para o real no curto prazo”, reforça.