O dólar mudou de tendência?
Após encostar nos R$ 3 no mês passado, o dólar voltou a subir e agora negocia acima de R$ 3,10. Desde a mínima do ano em 15 de fevereiro (R$ 3,05), a moeda americana já avançou cerca de 2,5%. Os investidores estão mais nervosos com o calendário político conturbado e a possível elevação da taxa de juros nos EUA.
Em análise publicada hoje, a XP Investimentos projeta o dólar entre R$ 3,10 e R$ 3,40 nos próximos seis meses “haja visto que o calendário político doméstico ainda segue carregado de incerteza, além disso dos riscos de uma alta do juro do Fed (Banco Central dos EUA), de como a China vai se portar ao longo deste ano e da possível fragmentação política na zona do Euro”.
O discurso da presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, na última sexta-feira (3) abriu espaço para uma alta na próxima reunião em 15 de março. Segundo o economista global do UBS Paul Donovan, além da provável elevação de 0,25 ponto percentual neste encontro, o BC americano deixou em aberto a intenção de mais duas até o final do ano.
Novo patamar
O relatório Focus publicado hoje mostrou a segunda semana consecutiva de manutenção da estimativa do mercado em R$ 3,30.
Segundo a Intermedium DTVM, este comportamento mostra um sinal de que o mercado voltou a perceber fatores de alta para o dólar no curto prazo. “Neste sentido, o piso psicológico de R$ 3,00 já se distancia dos patamares atuais, que voltou a se sustentar acima dos R$ 3,10 e testou valores acima de R$ 3,15”.
A XP avalia ainda que, caso a agenda das reformas passe a ganhar tração, “é possível que algum influxo de capital ajude a apreciar o real/dólar dos EUA, ainda que temporariamente”.
Já sobre os fatores externos, a Intermedium ressalta três: aumento de juros do FED, com recente fortalecimento das probabilidades para março; “nova proposta” para a tributação americana; embates em relação ao câmbio com a China e outros países na sequência protecionista propagada pelos Estados Unidos.
3 cenários
Abaixo, vale citar os três cenários projetados pela XP (transcrição da análise):
CENÁRIO OTIMISTA R$/US$ 2,90 – 3,15 (i) Reforma da Previdência passa no Congresso mantendo boa parte da sua proposta original (idade mínima de 65 anos e etc); (ii) Banco Central estende o ciclo de corte de juros6 consegue sinalizar juros menores mais à frente; (iii) cenário externo benigno (mercado entende que Trump não entregará tudo o que disse ao longo da campanha eleitoral, mantendo os juros de mercado relativamente estáveis, eleições na Europa sem surpresas negativas – Le Pen perde na França – e dados da China menos voláteis).
CENÁRIO BASE R$/US$ 3,10 – 3,40 (i) Reforma da Previdência passa no Congresso mantendo parte da sua proposta original; (ii) Banco Central segue com cortes de juros esperado pelo mercado (9,50% em 17 e 9,0% em 18); (iii) cenário externo menos desafiador (mercado entende que Trump entregará parte do que prometeu ao longo da campanha eleitoral, permitindo que os juros de mercado se elevem com pouca volatilidade, eleições na Europa dentro do esperado – Le Pen perde na França, mas com incerteza – e dados da China menos voláteis).
CENÁRIO PESSIMISTA R$/US$ 3,30 – 3,70 (i) Reforma da Previdência não passa no Congresso ou passa desidratada mantendo os riscos fiscais presentes; (ii) Banco Central realiza ciclo de cortes menor, sinalizando possível elevação em 2018; (iii) cenário externo mais desafiador (mercado entende que Trump entregará quase tudo do que prometeu ao longo da campanha eleitoral, elevando os juros de mercado com maior intensidade, eleições na Europa em risco – Le Pen ganha na França e eleva risco de ruptura – e dados da China voltam a trazer questionamentos sobre um possível hardlanding).