Coluna do Einar Rivero

O dividend yield das ações do Ibovespa está subindo – mas isso significa mais dividendos?

14 fev 2025, 10:50 - atualizado em 14 fev 2025, 10:50
DIVIDENDOS AÇÕES
O Ibovespa, que registrou uma queda no dividend yield para 1,59% em 2020, mas vem se recuperando, alcançando 3,68% em 2025. (Imagem: Getty Images)

Todo investidor deseja saber se as empresas aumentarão a distribuição de dividendos, e uma maneira simples de avaliar isso é observar o dividend yield. Esse índice indica o retorno obtido com dividendos e JCPs recebidos em relação ao preço da ação adquirida 12 meses atrás.

Para entender melhor esse comportamento, analisamos três amostras:

  • A mediana do dividend yield das ações do Ibovespa, considerando apenas as que distribuíram dividendos ou JCPs pelo menos uma vez no período analisado
  • A mediana da carteira do índice Ibovespa
  • A mediana da carteira do IDIV

Os dados mostram que o IDIV teve o melhor desempenho em todos os períodos, atingindo um pico de 9,46% em 2022 e projetando 8,68% para 2025. O Ibovespa, que registrou um dividend yield de 2,91% em 2019, caiu para 1,59% em 2020, mas vem se recuperando, alcançando 3,68% em 2025 e projetando 4,54%.

A mediana do mercado tem superado a do Ibovespa nos últimos três anos, indicando que há ações fora do principal índice da bolsa com dividend yields relevantes que merecem atenção. No entanto, vale destacar que 25 dos 51 ativos do IDIV possuem dividend yield inferior à mediana geral, reforçando a importância de uma análise detalhada na seleção dos ativos.

(Imagem: Elos Ayta)

Dividend yield projetado: crescimento real ou efeito da queda nos preços?

Ao calcular a mediana do dividend yield projetado para os próximos 12 meses, identificamos crescimento nas três amostras. No entanto, isso não significa necessariamente que as empresas pagarão mais dividendos nominalmente.

O aumento do dividend yield projetado se deve, em grande parte, à queda nos preços das ações. Como o cálculo considera os dividendos e JCPs distribuídos nos últimos 12 meses e o preço da ação em 12 de fevereiro de 2025, preços mais baixos elevam esse percentual.

Essa é uma armadilha comum na análise de dividend yield: um crescimento do indicador pode ser ilusório se for impulsionado pela desvalorização das ações, e não pelo aumento efetivo da remuneração aos acionistas.

A crise da covid-19 em 2020 exemplifica bem esse efeito. Naquele ano, o dividend yield do Ibovespa caiu para 1,59% devido à forte correção do mercado. Nos anos seguintes, com a recuperação dos preços e ajustes nas políticas de distribuição, os yields voltaram a crescer.

Para que o dividend yield projetado se concretize, algumas condições precisam ser atendidas:

  • As empresas devem manter a política de distribuição dos últimos 12 meses
  • O lucro líquido deve se manter estável
  • Dividendos extraordinários não podem distorcer os resultados

Se essas premissas forem cumpridas, a projeção de um dividend yield crescente para os próximos 12 meses pode se confirmar.

Portanto, investidores que buscam boas pagadoras de dividendos devem ir além da simples observação do yield e analisar a sustentabilidade da distribuição. O IDIV continua sendo um bom ponto de partida, mas uma pesquisa mais aprofundada é essencial para evitar armadilhas e identificar oportunidades reais.

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Einar Rivero é CEO da Elos Ayta Consultoria e especialista de dados financeiros de mercado. Formado em Engenharia, tornou-se referência para o mercado financeiro por trazer levantamentos e insights inéditos a partir do cruzamento de dados econômicos. Durante 25 anos, atuou como líder e gerente de relacionamento institucional de plataformas de informação financeira, como TradeMap e Economatica.
einar.rivero@autor.moneytimes.com.br
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Einar Rivero é CEO da Elos Ayta Consultoria e especialista de dados financeiros de mercado. Formado em Engenharia, tornou-se referência para o mercado financeiro por trazer levantamentos e insights inéditos a partir do cruzamento de dados econômicos. Durante 25 anos, atuou como líder e gerente de relacionamento institucional de plataformas de informação financeira, como TradeMap e Economatica.
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