O cenário para privatizações de 2022 em diante no Brasil
A atual conjuntura política no Brasil, a necessidade de investimentos e as restrições orçamentárias por parte do governo podem continuar resultando em novas privatizações nos próximos anos, disse o Inter Research, do banco Inter.
As desestatizações serão embasadas pelos “bons resultados obtidos não somente pelas vendas dos anos 1990 mas pelas atuais trocas de gestão”, diz relatório assinado por Rafaela Vitória, Matheus Amaral e Daniel Arruda.
“Nos últimos anos, não só o debate sobre privatização voltou à cena, mas também tivemos alguns importantes leilões, bem como avanço na legislação que pode permitir a venda de federais como a Eletrobras (ELET6) e os Correios”.
No caso da Eletrobras, foram vendidas as subsidiárias de distribuição Celg, Cepisa, AmE, EletroAcre, Ceron e Ceal. A Petrobras (PETR4) também leiloou a Tag, a Logigás e a BR Distribuidora (VBBR3).
“Tivemos também leilões estudais da CEB, pelo governo de Brasília, da Cesp em São Paulo, da Emae no Rio e das CEEE-D, CEEE-T e Sulgás no Rio Grande do Sul”, lembra o banco.
A União controla diretamente 46 empresas, segundo o Tesouro Nacional. No âmbito de empresas de controle dos Estados e Municípios soma-se mais 302 empresas.
Motivações políticas
Para o Inter, as motivações para privatização ainda estão ligadas a fatores políticos, “apesar das evidências de melhoras na gestão das empresas privatizadas e consequente aumento do investimento e ganhos de produtividade agregados”.
Segundo o banco, em estudos envolvendo diversos países, constata-se que governos com viés econômico mais liberal tendem a privatizar mais.
“Outro fator que motivam as vendas de estatais são restrições orçamentárias dos governos, que usam o desinvestimento como forma de levantar recursos ou para gastos sociais ou para redução de dívida pública”, comenta.
Melhora operacional
O Inter diz que o racional por trás da privatização de estatais envolve uma melhora do desempenho operacional da companhia.
Segundo o banco, a empresa pode perder o monopólio legal sobre o setor de atuação, caso exista, além de deixar de se beneficiar das injeções de recursos pela União.
No entanto, diz a instituição, esses fatores são “mais que compensados pela focalização da estratégia corporativa nos objetivos financeiros do acionista, com maior alinhamento de interesse entre os diversos stakeholders e consequente aumento da produtividade”.
“A interferência política nas estatais distorce esses objetivos e a mudança de controle para gestores alinhados promove ganhos de eficiência, principalmente na eficiência do trabalho, com a redução do emprego excedente, comum nas empresas geridas por indicados políticos”, diz.
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