O Caso NuBank: boas medidas também quebram empresas
Leonardo Siqueira é economista do Terraço Econômico
Henrique Meirelles anunciou um pacote de medidas pra incentivar a economia. Uma das medidas é reduzir o prazo médio em que os lojistas recebem o dinheiro de uma transação realizada em cartão de crédito. Hoje é 30 dias; o governo que reduzir para 2 dias.
Receba o Giro Money Times grátis em seu email
Daí veio o NUBANK, agindo como as gigantes do corporativismo, dizendo que com a nova medida eles iriam falir. Claro, como o Nubank é o queridinho do mercado o pessoal já foi em sua defesa.
Eu mesmo – defensor das empresas – já estava tomando as dores. Como ousam mexer com o Nubank? Afinal, “o governo decidiu ajudar os lojistas e esta prestes a elevar os seus juros e concentrar um dos mercados mais sensíveis e impactantes no seu dia a dia: o mercado financeiro.”
Mas resolvi analisar bem e vi que os que rapidamente aderiram ao coro, esqueceram de pensar no lado dos lojistas e do bem estar da sociedade como um todo.
1) A prazo médio de pagamento no Brasil está bastante acima do resto do mundo. Nos Estados Unidos é 2 dias.
2) Um dos grandes problemas do comércio é o Prazo médio de pagamento e Prazo médio de recebimento das empresas. Sabendo que não precisam esperar 2 dias e não mais os 30 dias, os pequenos comércios pagam mais rápido os fornecedores, conseguem negociar maiores descontos nos insumos e talvez tem possibilidade de reduzir o preço final dos produtos. Aliás, se você paga algo hoje e ele recebe daqui 30 dias é óbvio que tem algo embutido aí no preço.
3) Com mais dinheiro em caixa, o pequeno comércio não precisa se endividar tanto para pagar as contas da empresa.
E o Nubank?
Eu gosto muito do cartão. Recomendo fazerem. É simples e vem sendo um grande competidor das outras bandeiras.
Mas se for verdade mesmo o que eles estão falando, por mim pode falir. Ou inovam em alguma questão para sobreviverem. Nenhum governo tem que tomar medida pra ficar salvando empresa X ou Y de maneira isolada. O contrário disso é capitalismo de compadres que não funcionou muito bem no Brasil.
Leia também: A NUbank pode quebrar?