O caos na saúde mundial: nem os EUA conseguem fazer máscaras N95 em escala
O mercado mundial de equipamentos e insumos médico-hospitalares está em situação de caos. Reportagem publicada pelo Wall Street Journal em 8 de maio mostra que mesmo nos Estados Unidos as carências produtivas deixam na mão várias instituições de saúde de vários estados.
Importadores de produtos como máscaras, ventiladores pulmonares, capotes impermeáveis, luvas e outros dizem que o mercado já virou de cabeça para baixo. Oportunistas entraram para conseguir um lucro fácil, os preços foram às alturas, e há muitos contratos de compra e venda que simplesmente não chegam a bom termo.
Enquanto isso, a 3M, principal fabricante das máscaras N95 nos Estados Unidos, está sob pressão de produzir mais e mais rápido, no entanto sem conseguir dar conta.
O coração do problema relacionado às máscaras N95 é a máquina que transforma o polipropileno naquilo que se chama de “polipropileno meltblown”. O material entra numa câmara, onde recebe um jato de ar quente que o desfaz e o recompõe em forma de uma fibra sintética com espessura de um mícron. Isto já é escala nano. Ou seja, de certa forma a N95 é um produto de nanotecnologia (embora seja por processamento, não por síntese).
A capacidade produtiva de produzir o polipropileno meltblown é geograficamente restrita. Ao que parece, a China é um dos poucos lugares que consegue dar escala de produção neste material em condição de responder à demanda da pandemia.
Para além disso, o Wall Street Journal relata confusão na provisão de produtos bem menos complexos, tais como capotes impermeáveis e luvas. Quem diria: até nos Estados Unidos a desindustrialização avançou a este ponto. O caso relatado pelo WSJ é similar ao que já aconteceu com o governo do Pará e algumas prefeituras no Brasil, no desespero de comprar mais ventiladores pulmonares.
Por Fausto Oliveira, para o blog do Paulo Gala.