O buraco é mais embaixo: receitas em transporte de cargas não são suficientes para salvar aéreas
O setor aéreo ainda vive dias difíceis. Depois de uma breve recuperação no final do ano, o movimento de passageiros voltou a cair em abril devido ao recrudescimento da pandemia da Covid. A demanda da Gol (GOLL4), por exemplo, tombou 36% ante março.
Para driblar essa queda, as companhias investem em transporte de cargas. A Azul (AZUL4) planeja aportar R$ 1,5 milhão em seu terminal de carga em Campinas, com expectativa de atingir R$ 1 bilhão em receitas em 2021.
Já a Gol não possui aeronaves cargueiras exclusivas, mas espera aumentar a eficiência de seus voos adicionando mais Boeing MAX à sua frota, que também poderia servir ao transporte de carga.
De acordo com a Agência de Transporte Aéreo Internacional (IATA), a participação da carga nas receitas globais deve chegar a 30% em 2021, contra 35% em 2020 e 15% em 2019.
“Continuamos cautelosos com o setor de aviação, já que a receita de carga deve compensar apenas parcialmente a fraca demanda por tráfego de passageiros, que só deve se recuperar com a vacinação”, afirmaram os analistas Victor Mizusaki e Wellington Lourenço, da Ágora Investimentos em relatório.
A corretora tem recomendação neutra tanto para Azul quanto para a Gol.
Na contramão
Enquanto o mundo vê suas companhias aéreas recuperarem o seu valor de mercado, na América Latina as empresas do setor amargam queda de mais de 40% no indicador. É o que mostra levantamento da Economática.
Segundo dados, o maior valor de mercado pré-pandemia, consolidado de 21 empresas aéreas da América Latina e empresas com ADRs nos Estados Unidos, foi no dia 20 de janeiro de 2020, com US$ 186,6 bilhões.
Já em 17 de março de 2021, as mesmas empresas atingiram US$ 190 bilhões, ultrapassando o pico pré-pandemia.
Porém, em 19 de maio de 2021 as empresas fecharam com valor de mercado de US$ 178,4 bilhões, US$ 8,1 bilhões menor do que no dia 20 de janeiro de 2020, queda de 4,4%.
Entre as companhias, as cinco piores são latinas: a colombiana Avianca tem queda de 94% do seu valor de mercado, seguida pela Latam com redução de 73,9%, Aero Mexico com 67,2%, Azul com 49% e Gol com queda de 45,7%.