O Brasil só pensa em suínos para a China, o Notable só quer o valor agregado de Japão e Coreia
O Notable Frigorífico Catarinense não pensa em mandar um quilo sequer de carne de porco para a China, o grande destino das proteínas animais brasileiras. No máximo que chega é a Hong Kong, que paga um pouco mais, destino para o qual não faz planos de crescimento.
O negócio da empresa de Edson Wigger é Japão e Coreia do Sul.
Depois de 1,5 ano no primeiro mercado e 1 ano no segundo, as exportações para os dois, com cotações até 10% superiores às pagas pelos importadores da ilha administrada por Pequim, as entregas mensais já oscilam entre 30% e 40% da capacidade da média produtiva da empresa de Grão-Pará, no Sul de Santa Catarina. Hoje, a média diária é de 550 cabeças abatidas.
Até final de 2021, Wigger, que evita falar em monetização, tem a meta de 50%.
À razão de cinco a seis contêneires de 24 toneladas para cada um daqueles dois países asiáticos, pode-se chegar a uma média de 11 somando-os, o que perfaz 264 toneladas a cada 30 dias.
“Importante é que além de estar aumentando os pedidos, estamos acrescentando novos cortes de suínos”, comenta o empresário, que lembra que coreanos e japoneses pagam bem, mas não gostam de muitas oscilações dos preços.
Até o início do segundo semestre de 2020, o Notable embarcava pelos portos catarinenses entre três e quatro contêneires mensais, com dois a três produtos. Hoje, já são de sete a oito produtos de mais alto valo agregado.
A confiança dos compradores exigentes vai aumentando (sobre questões como cumprimento dos contratos e sanidade), e, com isso, Edson Wigger acredita que baterá a meta de participação de Japão e Coreia do Sul no total de produção e exportações de carne suína do Notable. A Argentina é outro importante mercado.
Nesse ponto, o frigorífico, de médio porte, vai conseguir aumentar mais a escala de produção, com investimentos já programados para abater 700 porcos diários. Atualmente, 80% é fornecido pelos parceiros catarinenses, a única origem (o estado é livre de febre aftosa em vacinação e não pode ter trânsito de animais de outras regiões), e 20% saem da granja de Wigger.
Mesmo com maior volume que pretende obter, o Notable, segundo seu proprietário, não vislumbra o mercado chinês. Entre as razões, além da concorrência e cada vez mais pressão sobre os preços, está o controle total dos chineses sobre a peste suína africana num futuro não tão distante mais.
“Não posso ficar sob uma dependência que pode acabar um dia”, completa Wigger.