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‘O Brasil é o 3º maior mercado de usados do mundo’, diz Roger Laughlin

18 jan 2022, 8:56 - atualizado em 18 jan 2022, 9:00
Kavak
Em 2016, Roger Laughlin morava no México e criou a Kavak juntamente com dois amigos. Em 2020, a startup de compra e venda de carros usados ganhou status de “unicórnio” e atualmente está avaliada em US$ 8,7 bilhões (Imagem: .REUTERS/Edgard Garrido)

Com ascendência irlandesa, Roger Laughlin nasceu na Venezuela há apenas 37 anos. Por causa da derrocada do país, sua família se mudou para a Argentina.

Em 2016, ele morava no México e criou a Kavak juntamente com dois amigos. Em 2020, a startup de compra e venda de carros usados ganhou status de “unicórnio” e atualmente está avaliada em US$ 8,7 bilhões.

Com R$ 2,5 bilhões de investimentos, a empresa chegou ao Brasil em 2021, teve uma expansão meteórica e negociou mais de 13 mil veículos.

Na manhã de ontem, por meio de chamada de vídeo, o CEO da Kavak no País concedeu a seguinte entrevista ao Estadão.

Como foi o desempenho da Kavak no Brasil em 2021?

Foi incrível e superou todas as nossas expectativas. Chegamos em 2021 para construir as bases para garantir ganho de escala no futuro.

O Brasil é o terceiro maior mercado de carros usados do mundo, atrás só dos Estados Unidos e da China. Nossa operação é complexa e exige muito capital, pessoas e infraestrutura. Esse mercado é tradicionalmente mais informal e a experiência para o consumidor pode ser complicada.

Queríamos avançar rapidamente, mas sem pegar atalhos. Criamos a Kavak City (em Barueri, na Grande São Paulo), onde fica o maior centro de recondicionamento de carros da América Latina e nossa maior loja do mundo. Temos 20 lojas em São Paulo e acabamos de chegar a Campinas e Sorocaba.

Contratamos mais de 2 mil pessoas e fizemos ótimas parcerias para oferecer opções de crédito. Compramos mais de 13 mil carros para poder ter um amplo leque de opções. A gente acaba não parando para olhar o que já fez e celebrar. Mas, ao olhar para trás, sentimos muito orgulho. E isso é apenas o começo.

A aceleração da digitalização em 2021 contribuiu com o sucesso da Kavak?

Nossa operação é “figital” (une processos físicos e eletrônicos). Porém, a aceleração digital é positiva para o cliente e para a empresa. Ela permite aumentar a escala, por facilitar o acesso de mais pessoas de forma rápida. Com a pandemia, houve uma mudança na dinâmica do mercado, gerada pela queda na produção e a alta dos preços dos carros novos, o que fez aumentar a demanda por usados.

Também há pessoas que precisam de liquidez, seja para comprar outro carro, um imóvel ou qualquer outra coisa. A gente conseguiu se posicionar como uma opção muito boa para atender à demanda. Sem dúvida, isso contribuiu para acelerar nosso crescimento.

Como você consegue oferecer benefícios como 2 anos de garantia e IPVA grátis?

O mais importante é deixar claro que não somos uma empresa que faz apenas transações de compra e venda de carros. Essa parte transacional é a primeira dor que a gente soluciona. Queremos conquistar a confiança dos clientes, para depois investir na jornada deles até última compra ou venda que eles fizerem com a Kavak daqui a, digamos, 50 anos. Queremos democratizar o acesso ao veículo e facilitar essa experiência.

O brasileiro troca de carro, em média, a cada cinco, sete anos. E a preferência pelo novo é resultado da falta de confiança no setor de usados.

A Kavak é uma solução moderna para um comportamento antigo, que é ser dono do carro. Como você vê a locação, a assinatura e o compartilhamento?

Pensamos no futuro e na relação que as pessoas têm com o carro. Há a jornada do usuário e a do próprio veículo. A intersecção entre elas pode ser por meio da propriedade ou de um modelo de locação, compartilhamento ou assinatura. A Kavak está construído uma solução que serve tanto para o presente quanto para o futuro.

Nosso foco agora é o modelo de propriedade, que representa mais de 95% do mercado, mas estamos atentos às transformações para nos adaptar se isso for necessário.

Atualmente, a assinatura com propriedade é muito mais atrativa que a sem prioridade, e é isso que oferecemos. Quem compra um carro por financiamento com a Kavak pode trocá-lo por outro a cada um, dois anos.

Quais são suas metas para 2022 e o que será feito para alcançá-las?

O ano de 2022 será de crescimento, de aumento de escala e de colher os frutos dos investimentos feitos em 2021. Vamos expandir o negócio no Brasil.

A meta é continuar crescendo em São Paulo e, ao mesmo tempo, chegar a outras cidades e regiões, de modo a alcançar mais brasileiros.

Garanto que você vai ver a Kavak em outras localidades em breve. Porém, ainda não posso falar sobre cidades, regiões e datas.

Há planos de expansão para outros mercados, como Europa e Estados Unidos?

Há planos de expansão, sim. A Kavak é uma empresa global, que pretende levar sua proposta de valor à maior quantidade possível de consumidores.

Porém, a gente não vê os EUA e a Europa como interessantes no momento. Nossa prioridade são mercados complexos, onde haja muita coisa para solucionar, a gente possa ser importante e consiga fazer transformações. Estamos começando a entrar em novos locais, mas ainda não dá para anunciar. De qualquer modo, posso dizer que vamos expandir as operações na América Latina e para outros continentes.

Com a alta dos preços dos usados, dos juros e o risco de inflação, o que é preciso fazer para a conta fechar?

Temos de focar o que a gente pode controlar. O consumidor que tem uma boa experiência acaba se tornando um promotor da empresa, e isso vira uma bola de neve positiva.

Nosso algoritmo de comércio vem sendo construído há seis anos e está desenhado para acompanhar as oscilações do mercado. Se houver mudanças na oferta ou na demanda, alta na procura por um modelo “x” ou por planos de financiamento, por exemplo, nós temos condições de atender.

Se pudesse enviar uma dica para o Roger que, há uns 20 anos, não sabia bem que rumo seguir, qual seria?

Compre ações da Netflix (risos)! Eu diria: “Continua nessa vida, faz o que você quiser fazer”. Sou casado, feliz e com um filho venezuelano/mexicano/brasileiro.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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