Brasil

O Brasil de 1960 a 2020 por Lara Resende, Armínio, Bacha, Ilan, Lisboa, Mesquita e Malan

09 fev 2018, 17:39 - atualizado em 09 fev 2018, 17:43
A história econômica do Brasil pode ser retratada como comédia, drama, depressão, euforia, ou tudo isso junto e misturado

Em um documento que vale ser impresso, encadernado, e guardado, o Dream Team dos economistas formado por André Lara Resende, Armínio Fraga, Edmar Bacha, Ilan Goldfajn, Marcos Lisboa, Mario Mesquita e Pedro Malam, explicam em breves notas a economia brasileira de 1960 a 2020.

Conheça o Dream Team do Mercado

Os textos, escritos para livro comemorativo dos 60 Anos da Itaú Asset Management, foram publicados em fevereiro pelo Instituto de Estudos de Política Econômica/Casa das Garças (IEPE/CdG) e em 18 páginas ajudam a entender o caminho sinuoso do país pelo olhar de quem o contruiu e ainda é responsável.

Abaixo, separamos um pequeno trecho de degustação para esta bela leitura (o arquivo completo está no final):

Década de 1960

André Lara Resende, ex-presidente do BNDES do governo FHC e integrante da equipe que criou o Plano Real, aborda o esforço do nacional-desenvolvimentismo em meio ao regime militar.

“O sucesso do nacional-desenvolvimentismo, na segunda metade da década de 1950, durante o governo de Juscelino Kubitschek, reforçou a percepção de que o desenvolvimento requeriria uma economia fechada à competição externa e que o processo de industrialização acelerada, baseado na substituição das importações e nos investimentos estatais, dispensaria um arcabouço institucional que induzisse à formação de poupança. A economia efetivamente cresceu e o país se industrializou, mas sem as bases institucionais para o financiamento do investimento, esteve sempre ameaçado pelo desequilíbrio externo e pela pressão inflacionária.”

Década de 1970

Outro arquiteto do Plano Real, Pedro Malan, ex-presidente do Banco Central (1993-1995) e ex-ministro da Fazenda (1995-2003), trata do movimento pendular desta década iniciada sob invejável situação econômica e encerrada em situação insustentável.

“Tratava-se da recorrente armadilha macroeconômica brasileira – inflação e desequilíbrio do balanço de pagamentos como resposta a tentativas de aumentar a demanda, na expectativa de pronta resposta da oferta doméstica. Dois dramáticos choques externos foram mortais para a aposta no ajuste via crescimento com endividamento externo “transitório”: a drástica elevação dos juros americanos, decidida pelo Fed em 1979; e o segundo choque dos preços do petróleo, que os levou para mais de U$ 30 por barril em fins de 1979.”

Década de 1980

Coube a Mário Mesquita, economista-chefe do Itaú, falar da década que marcou a transição do regime autoritário para a democracia, mas que, sob sob o ângulo econômico, viveu também uma inflexão negativa da taxa de crescimento brasileira.

“O crescimento médio da economia retrocedeu para 2,9% (1980-89), ante 8,8% na década anterior, um declínio liderado pelo setor industrial. A queda da produtividade, seja em termos absolutos ou relativos, frente ao comportamento da mesma em economias na fronteira tecnológica, como os EUA, foi provavelmente consequência do aumento das barreiras comerciais, crescimento do peso das empresas estatais, e favorecimento à substituição de importações no segmento de bens de capital (com produtos mais caros e menos eficientes do que os importados), que caracterizou a política de industrialização forçada dos anos setenta.”

Década de 1990

Visto como um dos criadores do Plano Real, Edmar Bacha também foi presidente do BNDES e do IBGE. Coube ao economista tentar explicar o desafio do país ao conviver com o confisco, impeachment de Collor, a hiperinflação, a criação de (mais uma) nova moeda em meio às crises mexicana, do sudeste asiárico e russa:

“O Brasil foi atingindo por essas turbulências num período em que a estabilização de preços ainda se consolidava. Sob a pressão de gastos públicos crescentes, apesar de aumento dos impostos o superávit primário das contas públicas se evaporou. O governo procurou então se ancorar numa taxa de câmbio apreciada e em juros elevados.”

Década de 2000

Ilan Goldfajn, presidente do Banco Central desde junho de 2016, lembra do boom econômico criado pela explosão de preços das commodities, da consolidação do tripé econômico, e do enfrentamento da crise global:

“Se, por um lado, a década pode ser caracterizada por sucesso nos resultados imediatos, por outro, seu legado deixou a desejar. Ao sentir os efeitos da crise financeira internacional, o Brasil adotou uma política econômica anticíclica, tanto na esfera fiscal quanto na monetária e na creditícia. A perenização dessa política anticíclica nos anos que se seguiram é a marca inicial da adoção da Nova Matrix Econômica que desestruturou o tripé macroeconômico e resultou em desequilíbrios”.

Década de 2010

Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central entre 1999 e 2002, explica como uma década que começou com um crescimento de 7,5%, conseguiu também sofrer a maior recessão da história do país e ainda sediar a Copa do Mundo e as Olimpíadas:

“No apagar das luzes dos estádios superfaturados, choramos mais lágrimas do que seríamos capazes de imaginar após o 7×1. A goleada sequer tinha começado, e se estenderia por muito mais do que noventa minutos. Somente depois de dois anos de uma crise sem precedentes, começamos a ver a luz no final do túnel”

Década de 2020

Sobrou para Marcos Lisboa, ex-secretário de política econômica do governo Lula (2003-2005) e atual presidente do Insper, a tarefa de tentar prever o futuro da quase imprevisível economia brasileira na próxima década:

“Apesar das resistências, aos poucos avança a agenda republicana de tratar igualmente os iguais, com a uniformização das regras tributárias, a abertura comercial e a melhora da gestão da política pública. Quem sabe consigamos realizá-las e, na próxima década, estejamos discutindo, apenas, os novos problemas de um país que, finalmente, comece a cumprir a sua promessa de desenvolvimento com inclusão social. Dessa vez, de forma sustentável”

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