O “bonde” do e-commerce já passou na Bolsa? Ainda é possível lucrar
O e-commerce brasileiro é grande e guarda muitas oportunidades, defendeu o analista da Empiricus Fernando Ferrer.
“Na nossa visão, o e-commerce brasileiro está em um ponto de inflexão muito interessante, em que a digitalização passa a ser um fator determinante para um processo de geração de valor para as empresas”, disse.
Citando estimativas do Goldman Sachs, Ferrer destacou que o mercado tem crescido de forma muito rápida. Em 2016, o comércio eletrônico no Brasil totalizou R$ 55 bilhões. O valor saltou para R$ 144 bilhões em 2020, impulsionado pelas restrições de deslocamento impostas no país para tentar conter a disseminação do coronavírus. Para 2023, a expectativa é de que o mercado chegue a R$ 271 bilhões.
A penetração do e-commerce brasileiro também segue trajetória semelhante. Em 2016, o mercado representava apenas 4,8% do varejo brasileiro. Foi crescendo com o tempo, até que apresentou aceleração de quase 4 pontos percentuais de 2019 (quando representava 7% do varejo) para 2020 (estimativa de 10,5%).
Em comparação a outros países, como China, Estados Unidos e Reino Unido, onde a participação do comércio eletrônico corresponde a, respectivamente, 30%, 20% e 15% do varejo nacional, o Brasil ainda tem um mercado pequeno. Isso é bom, destacou Ferrer, pois significa que existe uma grande oportunidade de crescimento para o e-commerce brasileiro pela frente.
O analista mencionou alguns dados que reforçam sua perspectiva positiva. Ferrer disse que o Brasil tem o segundo maior número de usuários no Instagram e no Pinterest e é o terceiro maior país no Facebook e no LinkedIn. São Paulo é a cidade com o maior número de motoristas de Uber no mundo e tem a maior influência em língua não inglesa na Netflix.
“Isso mostra como o brasileiro tem essa disponibilidade, essa vontade de utilização dos canais digitais”, afirmou. Ferrer acredita que o alto nível de consumo de serviços digitais no Brasil deve acelerar o e-commerce.
Como ficam as empresas?
Ferrer analisou a participação de mercado das maiores companhias de e-commerce no Brasil.
Mercado Livre, que detinha uma fatia de 14% em 2014, deve terminar 2023 ainda na liderança e representando 35% do mercado.
Para o Magazine Luiza (MGLU3), que cresceu muito ao longo dos últimos anos, a expectativa é de que a companhia atinja 28% de participação (de apenas 5% em 2014).
Já com B2W (BTOW3) e Via Varejo (VVAR3), espera-se que a participação das empresas caia.
“Essas duas últimas, embora sejam muito grandes e representativas para o varejo brasileiro, vêm perdendo participação no mercado”, destacou Ferrer.
Com isso, a B2W deve sair de uma participação de 22% em 2014 para 19% em 2023. Via Varejo, que detinha 16%, deve encolher no mercado e atingir 9% nos próximos dois anos.
Iniciativas
O e-commerce brasileiro ainda enfrenta algumas barreiras, mas a mentalidade das empresas está mudando. Agora, as palavras-chave são recorrência, fidelização e experiência do usuário.
Segundo Ferrer, as companhias estão fazendo iniciativas para aumentar a fidelização dos clientes. Ele usou Mercado Livre como exemplo. A empresa anunciou que vai abrir mais de cinco centros de distribuição no país neste ano e deve aumentar os investimentos para R$ 10 bilhões.
“As empresas estão de olho no investimento no mercado brasileiro, que é muito rico, com bastante oportunidade. É um mercado que consome bastante Instagram, Facebook, LinkedIn… Um mercado grande, mas que tem algumas barreiras, como a logística“, finalizou o analista.