O Banco Inter divulgou bons resultados? Analistas apontam esqueletos no armário; ações caem

Os números do Banco Inter (BIDI11) foram bem recebidos pelos analistas, apesar da queda das ações. Os papéis caíram 0,70%, a R$ 40,10, depois de subirem 5% mais cedo. 

Entre julho e agosto, o Inter lucrou R$ 19 milhões ante prejuízo de R$ 8,1 milhões do ano passado. Segundo analistas, embora as cifras tenham superado as expectativas, há alguns pontos que precisam de atenção. 

A Genial Investimentos destaca a surpreendente alta do resultado da receita de juros (NII), que veio 9% acima das expectativas da corretora, com alta de 137%.

“O resultado não foi tão bom quanto pareceu, dado que grande parte do crescimento do resultado da receita de juros (NII) foi advindo de operações de tesouraria com o capital arrecadado na oferta de ações em junho”, disseram os analistas Eduardo Nishio, Bruno Bandeira e Guilherme Vianna. 

Ainda segundo o trio, no curto prazo o banco deve continuar sofrendo com a pressão de spread no crédito, tendo em vista a elevação das taxas de juros que pressionam o custo de funding (fonte de recursos).

A corretora diz que há expectativa de normalização da pressão nos spreads em 2022, continuidade do forte crescimento no número de contas e aumento da penetração de crédito sobre sua base de clientes.

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A Genial manteve a recomendação de comprar para a ação, mas cortou o preço-alvo de R$ 80 para R$ 67 para o final de 2022 — potencial de alta de 69% ante o último fechamento. 

Maior concorrência

Em meio à concorrência mais acirrada entre as fintechs, o Inter já começa a sacrificar as margens para se manter competitivo, aponta a Genial. 

“Com as novos entrantes, como Nubank, Pagbank e PicPay, o preço de atrair novos usuários está ficando mais salgado, o que elevou o custo médio de aquisição de clientes do Inter (CAC) em 38%”, dizem os analistas. 

Carteira de crédito acelera ganhos 

O Itaú BBA ressalta a aceleração da carteira de crédito, “o mais rápido já registrado para o banco”. 

No fim de setembro, a carteira de crédito da companhia somava 15,9 bilhões, alta de 116% ano a ano.

A expansão foi liderada por pequenas e médias empresas e cartões de crédito. NPL do portfólio geral permaneceu estável em 2,8%.

Aumento de despesas

Entre os pontos negativos apontados pela equipe do BBA, está a elevação dos custos, com as despesas administrativas e com funcionários subindo 19% no trimestre para R$ 506 milhões.

“Os custos do serviço ao cliente caíram em 11%, mas outras despesas operacionais (que incluem cashback) mais uma vez registraram um aumento mais rápido do que o esperado, aumentando para R$ 137 milhões”, diz o banco.

Já para a Genial, o Intershop também deixou a desejar: apesar do crescimento do volume bruto de mercadoria (GMV) de 151%, apresentou queda no take rate de 7,2% para 6,6% no terceiro trimestre, “tendência que esperamos que se acentue no longo prazo com forte competição e pressão de margens no segmento varejista”

“Por fim, a Interseguros teve um forte crescimento no número de segurados de 279% a/a, mas apresentou um mix maior de produtos digitais cujo ticket desfavorável fez com que receitas crescessem 100% no ano e somente 4,1% trimestre”, completam os analistas. 

Hora de comprar?

Na visão dos analistas Otavio Tanganelli e Maria Clara Negrão, da Ágora Investimentos, embora a dinâmica operacional deva permanecer forte nos próximos trimestres, as ações do Inter podem continuar a enfrentar um desafio de curto prazo. 

O cenário mais difícil para os papéis é explicado em parte pelos riscos macro, que pesam sobre as taxas de juros de longo prazo, lembra a corretora. 

Para o Bank of America, os resultados mostraram o Inter no caminho certo para se consolidar como “o principal super app do Brasil”. “No estágio atual da empresa, os investidores devem colocar mais foco no crescimento da base de clientes e nas métricas de engajamento e monetização do que na lucratividade”.

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