O Banco Central está mais “preguiçoso” ao se tornar independente?

O Banco Central voltou a subir a taxa Selic em 1,5 ponto percentual nesta quarta-feira (8), em linha com o esperado do mercado, para 9,25% ao ano. As expectativas parecem apontar, como visto nos comentários divulgados após a decisão, para mais um ajuste de 1,5 ponto no próximo encontro de fevereiro.
Mas uma importante mudança apareceu no texto do comunicado (veja a íntegra aqui).
O time liderado por Roberto Campos Neto começou a dar pistas de que alongará o prazo de convergência da inflação para as metas. Ou seja, pode ser que irá jogar a toalha para 2022 e já focar em 2023.
“A comunicação do oficial dos membros do Copom após a divulgação da ata de outubro parece indicar que em breve o comitê optará por ajustar o horizonte da política monetária dando maior peso explícito para o ano calendário de 2023”, analisa a LCA Consultores.

Será que o BC se tornou mais “preguiçoso” com as metas? Segundo a Rio Bravo Investimentos, este comportamento pode ter a ver com o fato de que a autarquia agora é independente, ou seja, não será trocada no final de 2022 e já pode olhar para, pelo menos, um ano à frente em uma nova administração.
“Os atuais dirigentes do BC poderão tranquilamente convergir para a meta já bem dentro da próxima presidência. A conjectura seria, portanto, a de que os mandatos reduzem a proatividade da política monetária, na medida em que funciona como um “alongamento” de horizontes”, aponta o ex-presidente do BC, Gustavo Franco, em uma carta enviada a cotistas da Rio Bravo.
Esta certa “estabilidade” nas cadeiras do Copom poderá deixá-lo menos ativo?
“O tempo dirá”, opina Franco.