Opinião

O apreço por Israel das alas conservadoras do governo Bolsonaro

05 jan 2019, 13:03 - atualizado em 05 jan 2019, 12:06
(Fernando Frazão/Agência Brasil)

Por Thomas Conti, Mestre e Doutorando em Economia pela UNICAMP – Para o Terraço Econômico

Como por algum motivo as alas mais conservadoras do atual governo ficam levantando a bandeira de Israel, acho que vale a pena lembrar alguns fatos sobre aquele país que talvez eles não conheçam:

1. Durante a maior parte da sua história (1948-1985), Israel foi uma economia basicamente socialista, comandada pelo partido Mapai (bandeira nos comentários). O governo controlava os maiores sindicatos do país e empregava a maior parte da força de trabalho. As mudanças para uma economia de mercado são relativamente recentes e a transição ocorreu pelos mesmos motivos que em outros lugares: estado falido, pobreza, inflação, baixo crescimento, etc. [http://bit.ly/2SDkaAa]

2. Mas o passado socialista ainda existe em Israel na forma dos quase 300 Kibbutz. São fazendas e fábricas de organização comunitária com uma ideologia utópica, uma combinação de socialismo com sionismo. Os Kibbutz se modernizaram durante a transição econômica de Israel no sentido de adorem mais princípios de mercado. Hoje são responsáveis por 40% da produção agrícola do país e quase 10% da sua produção industrial. Ironicamente, talvez o único exemplo histórico de organização auto-declarada socialista que foi bem-sucedida em obter alta produtividade, alta renda e elevados índices de desenvolvimento humano esteja justamente em Israel, na forma dos Kibbutz. [http://bit.ly/2TpX0NBhttp://bit.ly/2safciv]

3. Embora seja óbvio que o judaísmo seja a maior religião de Israel, um fato não tão conhecido é que religiões muçulmanas sejam 9 vezes maiores em Israel do que o cristianismo (catolicismo, protestantismo, dentre outros, somados.). 18% da população pertence a alguma religião muçulmana, enquanto apenas 2% é de uma religião pertencente ao cristianismo. Judeus são 75%. [https://pewrsr.ch/2F9KnlNhttp://bit.ly/2LQXR7h]

4. O aborto é legalizado em Israel. A lei de Israel sobre o tema diz que cada solicitação de aborto precisa ser analisada individualmente e passar pela aprovação de um comitê, porém em média o comitê aprova mais de 95% dos pedidos feitos – quase todos. Por volta de 20 mil abortos legais são realizados anualmente em Israel. [http://bit.ly/2VwZsUv]

5. Israel é indiscutivelmente o país mais progressista da Ásia no quesito respeito à diversidade sexual. Desde 2006, casais homossexuais podem adotar crianças em Israel, único país da Ásia a legalizar a prática, que é aprovada por 60% da população. Homens e mulheres abertamente homossexuais também podem servir no exército. [http://bit.ly/2LP1wm5]

6. Ao contrário de boa parte dos países da Ásia, casais homossexuais podem viver juntos normalmente em Israel sem nenhum conflito com a lei. O casamento homossexual não é permitido, mas 79% da população é a favor de legalizar o casamento entre homossexuais e protestos crescentes têm demandado a legalização. [http://bit.ly/2F580Nfhttp://bit.ly/2BXDVLv]


Evidente que selecionei alguns fatos específicos sobre Israel, não é uma imagem completa do país. Mas dado o nível reacionário dessa ala do governo, acho bem provável que se eles fossem colocados na Israel atual estariam lá protestando, citando o velho testamento e pedindo por uma outra Israel, defendendo as mesmas velharias que defendem aqui.

Thomas Conti
Mestre e Doutorando em Economia pela UNICAMP.

Post Original em: 
https://www.facebook.com/conti.thomas/posts/2322452111101106

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