O alerta de André Jakurski, da JGP: esqueça o Ibovespa e compre boas ações pontuais
O mercado também tem suas modinhas, e não se trata do estilo do blazer ou do corte de cabelo. Há teses de investimento que, de tempos em tempos, viram mantras nas mesas de operação, e a moda do momento é a rotação de papéis.
Em linhas gerais, significa que gestores e investidores estão substituindo setores inteiros de suas carteiras por outros. Quando o coronavírus se transformou em pandemia global, setores da “velha economia”, como varejistas com grande percentual de vendas via lojas físicas e companhias aéreas, derreteram nas bolsas de todo o mundo.
Em contrapartida, as empresas de tecnologia dispararam, já que, sem poder sair de casa, as pessoas começaram a consumir de tudo pela internet. Assim, houve um grande ajuste de posições nas carteiras de gestores e investidores, vendendo “velha economia” e comprando papéis de tecnologia.
Saia da manada
À medida que o desenvolvimento da vacina avança e a economia ensaia uma reabertura, outra rotação de papéis está em curso. O mercado, agora, olha para as boas empresas que foram castigadas pela pandemia e são negociadas por um preço abaixo do justo. Parece razoável, e muita gente está fazendo esse caminho de volta.
Segundo Jakurski, o primeiro motivo é que é falsa a afirmação de que as ações da velha economia não subiram. Habituado a negociar papéis de empresas americanas, ele explica que muitos papéis de companhias tradicionais são negociados, atualmente, pelas máximas históricas ou perto disso.
“É falso dizer que essas empresas não subiram. O que aconteceu é que as empresas de tecnologia subiram muito mais”, disse, durante sua participação no evento Investidor 3.0, promovido pela Empiricus Research e pela Vitreo.
Jabutis não voam
Além disso, Jakurski adverte que o fato de uma ação não subir não significa, necessariamente, que se trata de uma pepita de ouro injustiçada. “Já errei muito, comprando ações que não subiram, porque estava comprando lixo”, disse. Além de não subir, nos momentos de alta, esses papéis têm o péssimo hábito de “cair ainda mais, quando o mercado cai”.
O alerta vem da experiência de quem começou no mercado financeiro em 1973, então com 25 anos, e se tornou diretor executivo do Unibanco um ano depois. O gestor faz a mesma ressalva para quem prefere comprar índices, como ETFs que representam cestas de ações.
Então, qual é a saída para ganhar dinheiro na Bolsa? Para Jakurski, não há atalho. “É melhor comprar papéis pontuais, do que índices”, disse.
Mapa da mina
A dica baseia-se no cenário que Jakurski enxerga para o Brasil e o mundo nos próximos anos. O principal direcionador de preços, para ele, será a desaceleração do crescimento demográfico e, eventualmente, sua inversão. Com menos gente trabalhando e consumindo, a tendência é que o crescimento econômico seja mais lento.
Assim, não haverá espaço para todas as companhias. “Grandes empresas, que têm acesso ao crédito, vão canibalizar as demais”, prevê. Já os negócios ligados à tecnologia vieram para ficar.
O Investidor 3.0 é um evento promovido pela Empiricus e pela Vitreo. Durante toda a semana, painéis discutiram as principais questões do mundo dos investimentos, empreendedorismo e economia, sempre com a participação de grandes nomes dessas áreas.
Veja a programação completa do Investidor 3.0 desta sexta-feira (27).
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