NY não se encantará com o açúcar; cairá na real com o etanol no Brasil, como já vem caindo com Índia
Na teoria, o Centro-Sul brasileiro está com tempo para começar a safra (em abril, na maioria das empresas) menos açucareira.
Até três dias atrás, balançava ante a possibilidade de manutenção da isenção dos impostos dos combustíveis.
Agora, o governo sacramentou as taxas de volta. Melhora o nível de concorrência do biocombustível, o mercado saiu nesta quarta (1) observando menos cana para açúcar e a ICE Futures vai tentando dar gás para os vencimentos futuros.
Nova York fechou em mais 2,45%, a 20,57 centavos de dólar por libra-peso.
Mas, espera aí, pondera o analista da Safras & Mercado, Maurício Muruci, falando a Money Times de sua base na Serra Gaúcha, imaginando que haverá devolução já amanhã ou na sequência dos pregões.
1- Não foi uma lavada o benefício do renovável, como se poderia esperar, inclusive porque nas contas do mercado a alta da gasolina será menor do que os R$ 0,47 anunciado; mas, principalmente, porque o “etanol já não apresentava muita competitividade desde abril de 2022 aproximadamente, cerca de três meses antes de Jair Bolsonaro zerar os impostos federais e o Congresso aprovar a equalização do ICMS mais baixo”.
2- O Brasil abre uma safra boa, com mais 20 milhões de toneladas, o que a S&M projeta em 565 milhões/t; apesar de longe dos recorde de 600 milhões/t, muita matéria-prima mesmo que haja maior concentração no biocombustível.
3- A Índia vendeu o “factóide que haveria quebra na produção por um mês a mais de chuva” e já está voltando a dizer que pode exportar mais, como, aliás, Muruci sempre disse aqui que aconteceria. Ele não descarta nem um teto de 13 milhões/t, sobre os 11 e pouco da safra passada.
4- Por tudo isso, o “topo-duplo para o driver de maio já está em 85%”. Ou seja, pelo padrão gráfico de suporte e resistência, alcançou o teto e o mercado poderá começar a vender
5- Poderia ser a primeira e se encaixar na questão dos impostos. Trata-se da Petrobras (PETR4). A companhia cedeu 3,9% nos preços da gasolina, mas mostrou que tem apetite político, como Lula quer, para mais, se o petróleo ir ajudando e a inflação der sinais de inflexibilidade. A competividade do etanol, que não é das melhores, estará sempre no limite do risco, avalia o consultor.