Política

Ricardo Nunes é eleito prefeito de São Paulo, em primeira eleição ganha pelo MDB na cidade

27 out 2024, 18:46 - atualizado em 27 out 2024, 20:24
Nunes
(Imagem: Prefeitura)

O atual prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, do MDB, foi reeleito. Com 99% das urnas apuradas, Nunes conquistou 59,3% do eleitorado, com 3,3 milhões de votos, enquanto Guilherme Boulos, do PSOL, recebeu 40,62% dos votos. As pesquisas já davam Nunes como favorito, após ganhar o primeiro turno, em uma eleição amplamente acirrada, com Pablo Marçal conquistando o terceiro lugar, com 28,15% dos votos.

Boulos contava com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e tinha como candidata a vice a petista Marta Suplicy e ganhou somente em três zonas eleitoras. Os dados também mostram uma ampla migração dos votos de Marçal para o prefeito.

Dessa forma, o MDB, um dos maiores partidos do Brasil, levará a prefeitura de São Paulo pela primeira vez. Nunes é paulistano e desde 18 anos é filiado ao MDB e foi eleito com o apoio de Tarsísio de Freitas, Jair Bolsonaro e outros partidos de direita.

Aos 21 anos, disputou pela primeira vez as eleições para vereador da cidade. Não foi eleito. Vinte anos depois, em 2012, recebeu mais de 30 mil votos e foi eleito para a sua primeira legislatura na Câmara Municipal de São Paulo. Em 2016, reeleito com 55 mil votos.

Foi presidente da Associação Empresarial Região Sul (Aesul) e fundador da Associação das Empresas Controladoras de Pragas do Estado de São Paulo (Adesp). Além disso, é voluntário, há mais de 20 anos, na Sociedade Beneficente Equilíbrio de Interlagos (Sobei).

De perfil político mais conservador, Nunes, no mandato de vereador, tentou barrar menções a termos de gênero do Plano Municipal de Educação, argumentando que sexualidade não deveria ser tema nas salas de aula.

Em 2020, se tornou vice-prefeito de Bruno Covas (PSDB) em uma aliança montada pelo ex-governador João Doria. Um ano depois, assumiu a prefeitura após a morte do tucano em decorrência do câncer da transição esôfago-gástrica e complicações do tratamento.

Em seu discurso de vitória, Nunes afirmou que os próximos quatro anos serão os melhores de São Paulo. “Sem Tarcisio de Freitas, vitória não seria possível. Não é hora de olhar para trás; vamos governar para todos. Todos merecem o respeito”, disse.

O prefeito também disse que as eleições ensinaram para o Brasil que é possível ganhar dos ‘extremismos’. Chama a atenção o fato de não ter agradecido o ex-presidente Jair Bolsonaro.

“O equilíbrio venceu todos os extremismos. São Paulo falou e mandou recado para todo o país. O que o povo precisa é de emprego, segurança, melhorias e oportunidades”, disse.

Ele lembrou do ex-prefeito Bruno Covas, quando dizia que não se faz política com ódio.

Nunes falou das obras realizadas e do reconhecimento aos esforços de seu governo. “A política não pode ser feita com máscaras ao invés de realizações, com posições de extremos ideológicos, mas deve se preocupar com resultados concretos para a população”.

Presença constante nos palanques de campanha, o governador Tarcísio de Freitas acompanhou Nunes no evento deste domingo, e atribuiu a vitória à frente ampla formada em torno da campanha. “Foi uma vitória do trabalho sobre a lacração, e vem muito mais por aí”, disse.

Já Boulos disse que “perdeu uma eleição, mas nessa campanha a gente recuperou a dignidade da esquerda brasileira.”

Acusação sem prova

O dia de votação em São Paulo neste domingo ficou marcado por declaração do governador paulista — sem apresentar qualquer prova — que integrantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) teriam orientado familiares e apoiadores a votar em Boulos.

A declaração foi feita em entrevista a jornalistas ao lado de Nunes. Ele disse que a interceptação dessas conversas foi feita pela área de inteligência e que a orientação teria partido dos presídios.

Boulos reagiu duramente à declaração do governador e ingressou no início da tarde com uma ação de abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação social contra o governador e Nunes na Justiça Eleitoral paulista pelo que chamou das “irresponsáveis declarações”.

Esse tipo de processo — uma ação de investigação judicial eleitoral — poderá levar à inelegibilidade dos envolvidos.

O candidato do PSOL também entrou com uma notícia-crime no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra Tarcísio de Freitas.

Com informações da Agência Brasil e Reuters