Economia

“Nunca o curto prazo foi tão importante quanto agora”, diz Zeina Latif, da XP

16 out 2017, 10:31 - atualizado em 05 nov 2017, 13:53

Em meio a um cenário de queda dos juros e inflação controlada, a liberação de crédito para as empresas ainda continua baixa. Para a economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif, essa retomada ainda vai ser lenta.

“O canal do crédito não está normalizado ainda. Isso, obviamente, tem impacto na atividade econômica. O cenário macroeconômico vai ficar mais claro daqui para frente. A dúvida é como vai voltar e qual a intensidade. O crédito para pessoa jurídica tem implicações importantes na economia, com a geração de emprego e renda.”

Houve um descolamento na liberação de crédito, que está maior para pessoa física. Os bancos ainda temem a crise?

A queda do crédito foi muito maior para pessoa jurídica do que para pessoa física. Isso tem a ver com risco. Vimos uma explosão de pedidos de recuperação judicial e aumento de inadimplência das empresas. Temos de lembrar que os pedidos de recuperação judicial têm uma insegurança jurídica grande. Os bancos não emprestam neste cenário porque temem não recuperar o dinheiro.

Mas a crise afetou os consumidores, gerando desemprego…

Isso não foi na mesma intensidade. A inadimplência (para pessoa física) não foi tão alta. O crédito para pessoa jurídica caiu muito mais e a volta agora é mais lenta. Para pessoa física, o quadro é melhor. Houve aumento do crédito consignado. Vale lembrar, porém, que esse crescimento tem a ver com a mudança da legislação, que ficou mais flexível.

O BNDES tem emprestando menos. É reflexo da nova política econômica?

No caso do BNDES, acho que tem a ver com a demanda. O volume de consultas não caiu. Empresas buscam mais crédito para fazer investimento. Ninguém está investindo ainda. Importante ressaltar que o BNDES tem tanto crédito direto, para as grandes empresas; e a outra metade é liberada por meio de outros bancos, que analisam riscos.

Qual o impacto do crédito restrito às empresas no mercado?

O crédito é essencial porque estimula a economia, cria emprego e renda. O governo está tentando aperfeiçoar ambiente regulatório. O volume de pedidos de recuperação judicial caiu em relação a 2016, mas ainda é alto sobre 2015.

Há incertezas sobre 2018?

Eleição é eleição. Nunca o curto prazo foi tão importante quanto agora. A agenda é urgente para o País e não podemos errar na eleição de 2018 Tem muita coisa em jogo. Um ambiente tumultuado vai atrapalhar os investimentos e geração de emprego. Mas tem tido amadurecimento. O lado bom de acabar o dinheiro é que faz com que o discurso político seja mais responsável. Não há espaço para populismo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

(Por Mônica Scaramuzzo)