Números fortes, qualidade ruim: após balanço, Ágora mantém recomendação neutra para Banrisul
O resultado operacional do quarto trimestre de 2019 do Banrisul (BRSR6) veio forte, com lucro líquido de R$ 357 milhões – acima da previsão de R$ 299 milhões da Ágora Investimentos. Os dados, no entanto, podem enganar à primeira vista.
De acordo com os analistas Victor Schabbel e Maria Clara Negrão, a qualidade dos números apresentados não foi boa, mostrando que a empresa continua lidando com um cenário desafiador no Sul do país.
“Nos últimos anos, devido à fraca atividade econômica na região, o Banrisul ficou cada vez mais exposto a uma linha de crédito mais segura, mas agora cada vez mais competitiva. Em um ambiente de baixa taxa de juros e, provavelmente, em um cenário de competição mais acirrada, as margens com intermediação financeira devem estar sob maior pressão nos próximos trimestres”, explicam.
Estimativas para 2020
Paralelamente ao balanço trimestral, a Banrisul divulgou suas estimativas para 2020, com o ROE entre 14% a 17% e o crescimento do crédito na faixa de 9 a 13% – ao passo que as projeções da Ágora são de, respectivamente, 15,2% e 9,2%. Para a corretora, o lucro líquido deve cair 1% em 2020, sendo que as estimativas revisadas mostram um declínio de 3% no ano, 7% a menos do que a projeção anterior.
Na avaliação do Safra, o novo guidance sugere que a lucratividade do banco pode diminuir devido a uma receita tributária maior e à redução de spreads para cheque especial.
“Ainda que devêssemos incorporar tais fatores no nosso modelo, reiteramos nossa recomendação outperform (acima da média do mercado) e preço-alvo de R$ 32 para a ação, mais por seu baixo valor negociado”, destacam Luiz F. Azevedo e Silvio Dória, da equipe de análise do banco. O Banrisul é negociado a 5,5 vezes o preço sobre o lucro (P/L) para o fim de 2020 ante os 8,8 vezes do setor.
À espera de sinais de dias melhores pela frente, a Ágora traz recomendação neutra para a empresa, com preço-alvo por papel de R$ 24.