Nubank pode valer US$ 300 bilhões em cinco anos, prevê SoftBank; ações fecham em alta de 14,7%
As ações da Nu Holdings (NU), agora o banco mais valioso da América Latina, chegaram a disparar mais de 35% na estreia na bolsa de Nova York, após a empresa levantar US$ 2,6 bilhões no IPO nos Estados Unidos.
Os papeis do banco digital brasileiro, cujos sócios incluem o Berkshire Hathaway de Warren Buffett, abriram a US$ 11,25 na Nyse na quinta-feira, enquanto o IPO saiu a US$ 9. As ações fecharam negociadas a US$ 10,33, o que dá uma alta de 14,7%.
Isso supera os US$ 37 bilhões que vale o Itaú Unibanco (ITUB4), anteriormente a instituição financeira mais valiosa da região. Considerando as opções de ações dos funcionários e as units com restrição de negociação, o Nubank chegou a atingir um valor total próximo a US$ 57 bilhões.
O Nubank vendeu 289 milhões de ações na quarta-feira, depois de oferecê-las a um preço de US$ 8 a US$ 9, uma faixa que havia sido reduzida na semana passada.
A Berkshire comprou 10% dessas ações, disse uma pessoa familiarizada com o assunto que pediu para não ser identificada porque a informação não é pública. A Berkshire não respondeu a um pedido de comentário enviado ao assistente de Buffett.
A Berkshire investiu no Nubank em junho, assumindo uma participação de US$ 500 milhões, avaliando a empresa em US$ 30 bilhões, disse na época uma pessoa familiarizada com o assunto.
A Sequoia Capital, que investiu US$ 1 milhão no Nubank em 2013, agora tem uma participação de US$ 9,1 bilhões, com base nas informações enviadas à Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos. Outros principais acionistas incluem DST Global, Tencent e Tiger Global.
SoftBank
O SoftBank, que acabou não investindo no Nubank durante uma rodada de captação em 2019, fez parte do grupo de investidores que havia sinalizado intenção de comprar ações no IPO.
O Nubank pode chegar a ter entre 100 milhões e 150 milhões de clientes em cinco anos e valer até US$ 300 bilhões, disse Paulo Passoni, diretor-gerente do fundo para a América Latina do conglomerado japonês, em uma webcast na quarta-feira.
O Nubank se soma ao ano recorde de listagens nas bolsas dos EUA, com 474 empresas levantando um total de US$ 165 bilhões, sem incluir as chamadas empresas de cheques em branco, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.
O Nubank também segue a onda recorde de listagens de companhias brasileiras, com quase 50 empresas levantando mais de R$ 65 bilhões neste ano.
O Nubank, maior banco digital independente do mundo, tinha mais de 48 milhões de clientes no Brasil, México e Colômbia em setembro e tem apostado em produtos financeiros mais acessíveis e com tarifas menores.
Expansão
O banco usará os recursos do IPO para impulsionar a expansão no México e na Colômbia, ao mesmo tempo em que avança com aquisições, disse o CEO David Vélez, em entrevista.
Segundo ele, não há atualmente planos para expandir para além desses três países. “Acreditamos que haja uma oportunidade para começar a consolidar o mercado de fintech nos países em que operamos”, disse Vélez.
O Brasil, de onde Nubank obtém a maior parte de sua receita, está se preparando para um 2022 difícil, com eleições presidências e projeções de contração econômica.
“Todos queremos ver o Brasil crescendo o mais rápido possível, mas a triste realidade é que, desde que lançamos o Nubank, só vimos o Brasil em más condições econômicas”, afirmou, citando a recessão prolongada seguida pela pandemia do coronavírus.
“O outro lado é que, em ambientes econômicos difíceis, as pessoas ficam mais sensíveis ao pagamento de tarifas absurdas e às taxas de juros mais altas, o que é bom para nós porque cobramos menos do que nossos concorrentes”, acrescentou.
Bilionários
A participação de Vélez na empresa agora vale US$ 11 bilhões. Sua cofundadora, Cristina Junqueira, tem uma participação de US$ 1,5 bilhão.
Antes de criar a startup, Vélez passou dois anos na Sequoia Capital, tentando encontrar um investimento na América Latina. Em vez disso, ele saiu com uma ideia própria.
Vélez, que é colombiano, teve uma experiência exaustiva ao abrir uma conta em um banco no Brasil e convocou Junqueira, recém-saída da unidade de cartão de crédito do Itaú, para ajudá-lo a criar uma alternativa.