Nubank (NUBR33): Por economia ruim, venda as ações do roxinho agora, diz BTG
Prevendo um cenário econômico mais difícil, com possível elevação da inadimplência, o BTG Pactual rebaixou a recomendação do Nubank (NU) de neutra para a venda, com preço-alvo de US$ 8,50, potencial de queda de quase 9% em relação ao fechamento de quarta-feira (9).
Os analistas Eduardo Rosman, Ricardo Buchpigue e Thiago Paura argumentam que os investidores e agentes de mercado estão cada vez mais preocupados com a deterioração do ciclo de crédito à frente, especialmente para empréstimos ao consumidor não garantido.
“Além disso, vários dos programas de ajuda do governo para combater os impactos da Covid chegaram ao fim. Enquanto isso, a dívida das famílias subiu para níveis historicamente altos”, argumentam.
Dessa forma, preveem, com os cartões de crédito rotativo e cheque especial já voltando aos níveis pré-Covid, junto com os sinais recentes de deterioração da qualidade dos ativos nos resultados de alguns bancos, o ciclo de crédito pode realmente piorar.
O rebaixamento das ações ocorre semanas após a Empiricus soltar relatório recomendando apostar na queda das ações do roxinho, citando a dificuldade da empresa de monetizar os clientes. O Itaú BBA foi outro banco a recomendar a venda dos papéis.
Desde o seu IPO, em dezembro, a ação do Nubank caiu 40%, com o valor de mercado sendo ultrapassado pelo Itaú e Bradesco.
Sinais preocupantes
O trio de analistas do BTG lembra que em teleconferência com investidores, o Santander (SANB11) mencionou que está mais cauteloso no crédito devido a preocupações relacionadas ao alto nível de endividamento das famílias, especialmente para pessoas de baixa renda.
O Banco BV também apresentou forte aumento nas provisões. No comunicado à imprensa, o banco explicou que provisões adicionais foram feitas para se preparar para uma potencial deterioração relacionada ao aumento da ômicron.
Banco Pan (BPAN4) e Porto Seguro (PSSA3) foram outras empresas a falarem sobre a preocupação com a alta na inadimplência.
“Considerando a crescente cautela no setor bancário, parece contra-intuitivo que as ações do Nubank tenham tido um desempenho tão bom nos últimos dias. O banco está muito mais exposto a empréstimos mais arriscados do que os incumbentes”, colocam.
Nubank não está imune
O BTG argumenta que independentemente de quão bem os NPLs de cartão de crédito do Nubank tenham se comportado nos últimos anos em relação ao sistema, esses mesmos dados também indicam que as fintechs não estão imune aos altos e baixos do ciclo de crédito.
“Assim, mesmo considerando que o Nubank continua tendo um desempenho melhor do que o mercado, e assumindo que os NPLs de cartão de crédito do sistema se deterioram, parece razoável esperar uma deterioração também no Nubank”, diz.
Vale lembrar que a base de clientes do Nubank é formada por um público mais jovem e de menor renda e parece “muito improvável” que a empresa não sinta os efeitos da economia mais fraca, diz o banco.
Nubank deverá ser responsável
À Reuters no último dia 2, o CEO do Nubank David Vélez disse que a desaceleração da economia brasileira pode representar uma oportunidade para o banco ganhar participação de mercado. A fala provocou ruídos no mercado, com investidores questionando a estratégia arriscada do banco.
Apesar disso, o BTG diz que se as condições piorarem ainda mais, a administração aceitaria ser mais conservadora na originação de crédito, como fez corretamente após o início da primeira onda de bloqueios em março de 2020.
“Portanto, não acreditamos que o Nubank queira crescer a todo custo, como alguns agentes do mercado interpretaram os comentários de David Velez”, completa.
Os analistas lembram que se o Nubank mostrar resultados muito fortes no quarto trimestre, “que tendemos a ver como prováveis”, isso deve jogar contra o rebaixamento.
“Mas neste momento vemos uma assimetria muito ruim na ação e optamos por ficar na frente dela, levando-nos a rebaixar a ação para vender”, diz.
O Nubank divulga o seu balanço no dia 25 de fevereiro.