Nubank (NUBR33) no 1T23: Por que o Santander está mais pessimista com o roxinho?
O Nubank (NU;NUBR33) deve divulgar os resultados referentes ao primeiro trimestre de 2023 na segunda metade de maio. Até lá a pergunta que fica desde já é se o ‘roxinho’ confirmará o bom ritmo apresentado na reta final de 2022.
Afinal, o Nubank vem de um lucro trimestral ajustado de US$ 96 milhões e receita trimestral de US$ 1,65 bilhão. Os números ficaram acima do esperado por analistas e com retorno sobre investimento (ROE) de 35% na base anualizada. Isso sem contar uma expansão firme da base de clientes ativos no Brasil e nas demais áreas onde atua.
Para o Santander, porém, os números iniciais de 2023 devem retratar um cenário um pouco mais cinzento para a fintech. Em relatório divulgado nesta semana, o banco espanhol envia um recado à contragosto dos investidores do roxinho: “espere redução das margens”.
Essa redução, quantificada em 15% na comparação trimestral, está associada à piora na qualidade de ativos do banco. Essa deterioração está relacionada à origem do crédito para empréstimos pessoais, que deve ser responsável por um aumento de 0,3 ponto percentual na inadimplência de 90 dias.
Aliás, em resposta à alta da inadimplência, o banco digital deve aumentar a provisão para devedores duvidosos (PDD) em 21% na base trimestral. Ainda em um aspecto negativo, o Santander espera que o Nubank tenha mais custos para a manutenção de depósitos, devido à sazonalidade.
Roxinho no vermelho
A ressaca do mercado de crédito no Brasil nos primeiros meses de 2023 vem ao encontro de uma desaceleração de 45%, na comparação anual, dos produtos de crédito do banco. A maior seletividade na concessão de novas linhas já havia sido uma tendência desenhada nos resultados passados. Esse contexto deve contribuir para uma queda expressiva do ROE ao fim de março de 2023, projetado em torno de 8%.
No relatório, o Santander não traz detalhes sobre a crise envolvendo o Nu Reserva Imediata, do Nubank, fundo de investimento mais popular da fintech. A exposição da aplicação a debêntures da Americanas (AMER3) fez com que o fundo de baixo risco testemunhasse rendimentos negativos em janeiro, ocasionando uma fuga de investidores naquele momento.
Nem tudo são espinhos
Do lado mais positivo, o Santander espera que o Nubank apresente crescimento trimestral de 8% da receita advinda de juros. Essa melhora deve refletir um maior portfólio de crédito e maior spread bancário. Além disso, também se espera que a receita advinda de taxas de administração cresçam 7% na mesma base de comparação.
Isto posto, o Nubank está bem colocado para adicionar mais 3,8 milhões de clientes a sua base de 74,6 milhões. Desse total, 80% possuem contas ativas no banco.
O Santander também destaca um efeito positivo das ‘caixinhas do Nubank’ no controle de gastos do banco. Empregado desde metade do ano passado, as caixinhas limitaram a remuneração do banco aos correntistas, condicionando o retorno de 100% do CDI para o saldo em conta apenas a partir de 30 dias depois da entrada do dinheiro (o mesmo esquema da poupança).
O maior controle dos custos também conta com um efeito de sazonalidade, já que no último trimestre do ano os bancos costumam despender mais recursos para assegurar um maior nível de transações financeiras, além de campanhas de marketing.
Outro fator ‘extra’, e que deve contribuir muito para a diminuição dos custos na base de comparação, foi a extinção do programa de remuneração variável em ações, a partir do qual executivos do banco recebiam milhões em bônus de acordo com o desempenho do papel em Nova York.