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Nubank (NU): Itaú vê ação caindo mais 23% após cenário “pior que o esperado”

22 ago 2022, 13:46 - atualizado em 22 ago 2022, 13:46
Nubank
Corretora também reduziu as estimativas para o lucro líquido em 2023 de R$ 3,1 bilhões para R$ 2,6 bilhões(Imagem: Rafael Borges/ Money Times)

O Itaú BBA rebaixou o preço-alvo do Nubank (NU) em US$ 1, de US$ 4,5 para US$ 3,5, potencial de queda de 22% ante o último fechamento, mostra relatório enviado a clientes. A recomendação de venda foi reiterada.

A corretora também reduziu as estimativas para o lucro líquido em 2023 de R$ 3,1 bilhões para R$ 2,6 bilhões.

“A desaceleração do crédito pessoal e as recentes mudanças contábeis de baixa são fortes evidências de que esse relevante produto não está tendo o desempenho esperado”, dizem os analistas Pedro Leduc, Mateus Raffaelli e William Barrajard.

Para o trio, as avenidas de crescimento para o Nubank seguem “desafiadoras”, com as previsões de empréstimos caindo “significativamente”.

“A inadimplência provavelmente está correndo mais rápido do que o esperado e os ajustes de originação estão sendo feitos, o que reduzirão o crescimento de volume no curto prazo”, afirmam.

“As premissas de longo prazo para o ritmo de crescimento (que justificam os múltiplos de valorização do prêmio) também serão questionadas”.

Os analistas argumentam que o macro ruim também joga contra o roxinho, com a piora da qualidade de crédito.

O BBA espera que carteira de empréstimos pessoais aumente em 28% em 2022 e 7% em 2023.

Mudanças na contabilidade do Nubank

O Nubank reduziu o prazo de baixa de crédito ruim para empréstimos pessoais atrasados de 360 dias para 120 dias. Já a política de baixa de cartão de crédito permaneceu em 360 dias.

Segundo o banco, a alteração foi justificada pelo IFRS, que considera potencial de recuperação do crédito vencido.

Para o Itaú BB, ao alterar esse prazo, o Nubank está essencialmente sugerindo que os empréstimos pessoais têm um potencial de recuperação menor (ou seja, são mais arriscados) quando comparados aos seus cartões de crédito.

“Isso não condiz com a recente alegação de que empréstimos pessoais são concedidos ao melhor terço dos clientes de cartão de crédito”, colocam os analistas.

Além disso, eles argumentam que a maioria dos outros grandes bancos brasileiros ou players de crédito digital usam o padrão de 360 dias em empréstimos pessoais.

“Então os números de NPL do Nubank não serão mais comparável ao sistema”, discorrem.

Expansão do cartão de crédito em risco

Apesar do saldo do cartão de crédito do Nubank ter subido 31% no primeiro semestre, o BBA diz que essa linha pode começar a desacelerar em breve.

“Continuamos a sinalizar uma queda na proporção de transações na carteira de cartões de crédito”, afirmam os analistas.

A corretora diz ainda que a empresa não está falando em reduzir o crescimento do cartão de crédito, “mas isso provavelmente acontecerá em um futuro próximo”.

Os analistas reduziram as projeções de crescimento do saldo de cartão de crédito em 2022 para 63% e 15% em 2023.

Eficiências não tão boa

Os analistas do Itaú BBA destacam que as despesas saltaram significativamente neste trimestre, de R$ 139 milhões para R$ 310 milhões.

“As despesas operacionais do Nubank teriam aumentado 8% no trimestre e não apenas 1%”, dizem. “Essa parece ser uma prática nova para o Nubank, embora não seja incomum com empresas de tecnologia”.

Para eles, essa contabilidade ajuda os lucros reportados de curto prazo, mas sobrecarrega o longo prazo (via D&A)

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Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
renan.dantas@moneytimes.com.br
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.