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Enquanto bancões estão ‘estacionados’, Nubank (NU) já disparou 70% no ano; ação chegou ao teto?

27 set 2024, 12:46 - atualizado em 27 set 2024, 12:46
Nubank
(Imagem: Linkedin)

Os bancos não têm um grande ano em 2024, apesar da entrega de resultados. Itaú (ITUB4) e Banco do Brasil (BBAS3) pouco andaram, enquanto Santander (SANB11) e Bradesco (BBDC4) realizaram parte da alta nas últimas semanas, em meio à queda do Ibovespa, cenário diferente do Nubank (NU).

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O papel do roxinho acumula ganhos de 70%, enquanto ITUB4 sobe 9,4%, por exemplo. Porém, tanta alta coloca dúvidas sobre o quanto a ação será capaz de entregar daqui para frente. E é justamente esse ponto que o Safra considera em seu início de cobertura.

Apesar de elogiar a qualidade e entrega da fintech, o banco bateu o martelo e estabeleceu em neutra a recomendação, com preço-alvo de US$ 16,50 com potencial de alta de 19% em relação aos níveis atuais.

“Como tal, não vemos alta suficiente para justificar uma recomendação de compra, mas também não acreditamos que a ação seja cara em comparação com os pares globais”, coloca.

Os analistas calculam o preço sobre lucro em 16,1x e preço sobre valor patrimonial de 4,5 vezes para 2025.

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Nubank: Execução fina, mas valuation esticado

Os analistas dizem que o Nubank é um dos casos mais impressionantes no setor de serviços financeiros no Brasil,
tendo adicionado mais de 100 milhões de clientes na última década.

“O Nu combinou forte crescimento de receita com custo controlado para servir, o que se traduziu em lucratividade crescente, com ROE (retorno sobre o patrimônio) se aproximando de 30% no segundo trimestre”, coloca.

Além disso, sua abordagem digital-first, integração simples e experiência de usuário (UX) superior permitiram que ele escalasse localmente, dominando o segmento massificado. Agora, o roxinho está expandindo limites para aumentar sua relevância em faixas de alta renda e outras geografias latino-americanas (ou seja, México e Colômbia).

A fintech está focada em três prioridades estratégicas:

  1. crescer em faixas de alta renda;
  2. escalar em empréstimos consignados;
  3. vencer no México e na Colômbia

“O segmento afluente mostra uma competição mais acirrada de empresas tradicionais e players que priorizam o investimento, como XP e BTG Pactual. A Nu cresceu consideravelmente acima da indústria neste segmento, mas os ganhos de participação de mercado foram mais modestos e devem levar mais tempo para se materializar”, notam.

No caso dos empréstimos consignados, o Safra diz que é uma questão de tempo para ganhar tração, enquanto vê desafio mais complexo em sua expansão para o México.

“Ao contrário do Brasil, onde a Nubank capitalizou em um mercado ávido por disrupção digital, o México impõe barreiras estruturais e culturais além de competir com os titulares para ganhar relevância e ser um vencedor de longo prazo”, diz.

Longo prazo vs curto prazo

O Safra destaca ainda que o roxinho é um vencedor de longo, embora não tenha surpresas de lucros de curto prazo.

“Apesar desses desafios, o potencial de longo prazo da Nubank continua significativo. Sua tecnologia e capacidade de atender a uma demografia mais jovem e com conhecimento digital lhe dão uma vantagem competitiva”.

No entanto, sua avaliação atual já reflete muito desse potencial de crescimento.

“Para nós, os investidores de longo prazo são mais adequados para a Nubank, pois sua capacidade de inovar e se adaptar provavelmente produzirá resultados ao longo do tempo”.