Nubank (NU) aumenta apetite por M&A, tem potencial para triplicar base de usuários no Brasil, diz CEO
O Nubank (NU) está buscando mais ativamente oportunidades de crescimento não orgânico, como parte de sua estratégia de ampliar as receitas por cliente para concorrer com grandes bancos de varejo, disse seu principal executivo.
“Temos mais apetite por aquisições hoje do que há um ano”, disse nesta quinta-feira o cofundador e presidente-executivo do Nubank, David Vélez, em entrevista à Reuters.
O comentário vem duas semanas após o maior banco digital da América Latina ter anunciado a contratação de Alex Ceballos, ex-executivo da Amazon (AMZN), para liderar a ofensiva do Nubank em para fusões e aquisições.
O Nubank tem gradualmente ampliado sua prateleira de produtos bancários nos últimos anos, incluindo contas digitais, seguros e investimentos, quase sempre desenvolvidos internamente ou em parcerias com outras fintechs.
Segundo Vélez, no entanto, as eventuais aquisições devem envolver ativos complementares aos negócios principais do banco, que ainda vê o crescimento orgânico como prioritário.
“Não esperaria por aquisições grandes, porque isso geraria uma distração na nossa estratégia”, afirmou ele. “O crescimento inorgânico continuará sendo secundário.”
A plataforma vem tentando mesclar o crescimento da base de clientes com aumento de rentabilidade, no momento em que a combinação de juros e inflação altos têm pressionado a renda das famílias no Brasil e ditado uma postura mais cética do mercado com empresas de alto crescimento.
A ação do Nubank, que estreou na Nasdaq em dezembro, acumula desde então queda de 44%.
No segundo trimestre, a receita média do banco por cliente subiu 105% ano a ano, mesmo após ter crescido a base no Brasil em 51% em 12 meses, para 62,3 milhões de clientes. Desses, cerca de 50 milhões são considerados usuários ativos.
“Temos potencial de triplicar essa base no Brasil”, disse Vélez sobre seu principal mercado, com população de cerca de 215 milhões de habitantes.
Com esse plano de longo prazo em mente, Vélez diz que parte dos analistas, especialmente no Brasil, parece esperar do Nubank rentabilidade maior de forma mais imediata, mas que há etapas a serem percorridas antes que sua tese se confirme.
“No tempo, os maiores provedores financeiros da América Latina serão empresas nativas de tecnologia”, disse.
Até lá, um dos principais desafios do Nubank para enfrentar os grandes bancos de varejo é ampliar o volume de ativos, especialmente por meio do crédito, produto que responde por cerca de 70% das receitas do setor na América Latina.
Para o executivo, o fato de ter surgido em 2013 como uma plataforma digital de cartão de crédito deixou o Nubank em vantagem em relação às fintechs que surgiram oferecendo contas de pagamento para depois entrar em empréstimos.
Recentemente, o banco digital anunciou planos para oferecer crédito consignado. Também tem uma parceria com a fintech Creditas para empréstimos colaterizados por imóveis e veículos.
Não, Não e Não
No entanto, Vélez avalia que o esforço para ampliar a base de ativos do banco tem limites, uma vez que continuará se concentrando nos seus pontos fortes. Em alguns casos, optará por parcerias, atuando apenas na distribuição.
“Não necessariamente vemos nosso negócio com um volume muito maior de ativos”, disse ele. “É preciso disciplina para falar não para algumas oportunidades”, afirmou.
A lista de não inclui financiamentos imobiliário e automotivo, operar com terminais de pagamentos para pequenas e médias empresas e operação com empresas grandes, com mais de mil funcionários.
“Não temos vantagem competitiva nesses segmentos”, disse. Mas revelou que avalia a entrada no segmento de benefícios.
Também está descartado por enquanto operar em outras geografias além de Brasil, México e Colômbia, contou Vélez.
De acordo com o presidente do Nubank, a obediência a essa estratégia ajudará a companhia a alcançar sua meta de superar o nível de rentabilidade dos grandes bancos de varejo no Brasil, hoje ao redor de 20%. Atualmente, o Nubank tem rentabilidade sobre o patrimônio (ROE) próxima de zero.
“Temos uma estrutura de custos 20 vezes melhor do que a dos grandes bancos, então nosso objetivo no tempo é ter um ROE que vai ser muito acima deles”, concluiu.
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