Duas BRFs (BRFS3): Nubank perde R$ 62,2 bilhões em valor de mercado após resultados
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Parecia que o Nubank (NU) ia ter recepção tranquila dos seus resultados. O lucro disparou 85% no ano, acima das projeções, as receitas bateram recordes e a inadimplência, um dos principais pontos de atenção do roxinho, caiu.
Porém, a reação do mercado foi imediada. Já no aftermarket de Nova York a ação derreteu 8%. E como tudo que é ruim pode piorar, a ação afundou mais 15% após a abertura. O saldo final foi uma perda de US$ 10,9 bilhões (cerca de R$ 62,2 bilhões) equivalente ao valor de mercado de duas BRFs, companhia do setor de alimentos que hoje vale aproximadamente R$ 31 bilhões na B3, segundo dados da Ellos Ayta.
A ação fechou em queda de 18,89%, a US$ 10,82.
De acordo com analistas, o problema foi a expectativa. Isso porque alguns analistas acreditam que a ação está esticada, ou seja, cara. Antes do balanço, a ação subia 29%. Até as cifras mostrarem que o Nubank pode crescer menos.
“A nossa sensação é que os números ficaram um pouco aquém das expetativas, especialmente tendo em conta que a ação subiu 29% no acumulado do ano”, destaca o BTG.
O banco destaca que após mostrar uma importante desaceleração na linha superior no terceiro trimestre, houve uma recuperação neste trimestre, embora a sazonalidade favorável do final do ano, quando as pessoas gastam mais, tenha ajudado.
Margem financeira caiu mais do que devia
Um ponto que chamou a atenção de analistas foi a margem financeira, que caiu mais do que esperado. No trimestre, a linha recuou 70 pontos-base, a 17,7%.
A cifra ficou 10% abaixo do esperado pelo Itaú BBA. De acordo com o próprio Nubank, a queda se deve aos menores rendimentos dos empréstimos, assim como a de carteira de cartões de crédito.
Por outro lado, os custos de financiamento aumentaram como resultado do crescimento dos depósitos no México e na Colômbia.
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“Isso, combinado com a mensagem de que o PIX Financing dificilmente começará a crescer penetração nos próximos 1-2 trimestres, é provavelmente o motivo pelo qual as ações caíram”, disse o BTG.
E por falar em Pix…
O Pix financiamento era uma das modalidades que os investidores apostavam para incrementar as receitas do Nubank.
Ele possibilita que o usuário escolha pagar uma compra ou conta parcelada dentro do próprio sistema do Pix, sem precisar recorrer a cartões de crédito ou boletos.
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De acordo com a mensagem da administração, a fintech está testando diferentes formas para melhorar o NPS/UX (métrica usada para medir a fidelidade e a satisfação do cliente) dos produtos, mas eles não querem criar expetativas sobre se o crescimento será retomado nos próximos trimestres.
“Preferem focar na geração de valor de longo prazo, mesmo que isso atrapalhe os resultados de curto prazo”, diz o BTG.
O que fazer com Nubank?
O Itaú destaca alguns pontos positivos do resultado, como os empréstimos pessoais, a métrica NPL (os empréstimos bancários que não foram pagos pelos seus clientes), além da eficiência.
Além disso, os analistas escrevem que a qualidade do crédito é satisfatória, mas não suficiente para recomendar compra. O problema é o futuro do roxinho. Em um cenário ciclo de crédito desafiador, com a Selic chegando a 15%, o Nubank pode se tornar mais arriscado.
“Outros países, como México e Colômbia, ainda estão prejudicando, embora as métricas dos clientes estejam melhorando”, diz.
Na visão do Safra, a receita do Nu deve desacelerar em 2025, o que é ainda mais evidente agora nos resultados do quarto trimestre, com as taxas de cartão e a receita de juros perdendo força.
“Em nossa opinião, isso reflete uma operação de crédito mais madura e menos escalável no Brasil devido a empréstimos não garantidos, juntamente com um efeito de mix de mais financiamento respaldado pelo FGTS e menor penetração de financiamento PIX devido a menos indivíduos elegíveis
para essa linha de crédito”, diz,
Ademais, como novas iniciativas e geografias não devem impactar o EPS no curto prazo tão fortemente quanto cartões de crédito e empréstimos pessoais, o banco vê risco de queda para o consenso, especialmente os mais otimistas —- alguns com uma diferença de 34% para a mediana do LPA (lucro por ação) em 2027.