Nubank (NU) afasta temores e confirma mais um trimestre estelar; veja se ainda vale comprar ação
Os analistas tinham uma preocupação com o Nubank (ROXO34): a alta da inadimplência, algo que é sempre visto como ponto de atenção para os bancos.
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E o temor possuía fundamento. Segundo os dados do Banco Central, em maio, o roxinho apresentou uma deterioração na qualidade de crédito, enquanto a maioria dos demais pares manteve-se estável ou apresentou melhora.
De fato, a inadimplência, chamada de 90 dias, piorou 70 pontos-base (pb) para 7%. Porém, isso não foi suficiente para apagar a disparada de 114% do lucro líquido ajustado, para US$ 562,5 milhões, acima das projeções do mercado.
Em reação, as ações NU subiram 5,27%, a US$ 13,38 na bolsa de Nova York (Nyse)nesta quarta-feira (14). Já os recibos de ações (BDRs), sob o ticker ROXO34, fecharam a sessão em queda de 1,63%, a R$ 12,05 na B3.
Para o BB Investimentos, a fintech mostrou números positivos. O resultado, lembra o analista Rafael Reis, foi favorecido, na mesma tônica dos trimestres mais recentes, por expansão generalizada de receitas aliadas a despesas bem administradas, contando ainda com um custo do crédito menor.
“Apesar da alta do câmbio (+11,2% de março a junho) pesar de forma negativa no comparativo trimestral (já que o banco opera majoritariamente no Brasil, em reais, enquanto apresenta os números em dólares dada a listagem nos EUA), quando expurgado o efeito cambial (“FXN” ao longo do relatório), vimos manutenção nas principais tendências de crescimento e rentabilidade esperados”, destaca.
Outro ponto positivo, a Margem Financeira avançou tanto no conceito líquida (NIM), quanto líquida ajustada ao risco, sinalizando o momento incrementalmente mais favorável das safras recentes de crédito.
As receitas de tarifas também não decepcionaram, avançando 2,1% no trimestre e 26,3% no ano. Finalmente, a carteira de crédito nominalmente recuou 3,5% no trimestre.
Com os resultados, o Goldman Sachs elevou as estimativas de lucro líquido em 2024 em 8%, para US$ 2 bilhões. O banco espera que o ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) melhore para 27% em 2024, 33% em 2025 e 34% em 2026, com crescimento de EPS de 94%, 70% e 49%, respectivamente.
Do lado negativo, o BB recorda que a queda nas despesas com provisões caiu 8,5% no trimestre em um período de não apenas forte expansão de carteira, mas um salto de 6,3% para 7,0% na inadimplência no conceito 90+ dias.
Já o Bank of America ressalta que alta do lucro e do ROE mostram baixa qualidade, pois foi impulsionado principalmente por menores encargos de provisão, embora os NPLs (os empréstimos bancários que não foram pagos pelos seus clientes) tenham se deteriorado em seu ritmo mais rápido em quatro anos, levando a uma menor cobertura de reserva.
O que fazer com o Nubank?
O BB, diante de mais um trimestre de crescimento com expansão de rentabilidade, permanece otimista ao momento do Nubank, “embora nossa curiosidade quanto à rapidez de captura de maiores resultados de outras geografias (México e Colômbia) permaneça sendo uma questão de resposta postergada”.
“Sem alterações no valuation, mantemos nosso preço-alvo em US$ 15,60 para o final de 2025, assim como a recomendação de compra, qualificada, pela sensibilidade do modelo à alta variação possível de resultados, como alto risco”, completa.
O Goldman também reafirmou recomendação de compra. Já o Bank of America possui indicação neutra.