Nu (NU), Inter (INTR) ou Pan (BPAN4)? Confira a melhor das fintechs tupiniquins no 3° tri de 2022
A maré não está fácil para as fintechs. Concebidas em um período de bonança dos juros e alta liquidez, os unicórnios do mercado de crédito foram pegos de supetão pela mudança do cenário macroeconômico, à medida que ciclos de alta de juros foram adotados como o ‘remédio amargo’ dos bancos centrais contra o avanço da inflação no Brasil e no mundo.
No caso da trinca tupiniquim Nubank (NU), Inter (INTR) e o Banco Pan (BPAN4), o efeito dessa turbulência é nítido nos resultados entregues no último trimestre e apontam incertezas para o próximo.
A estrutura particular de cada uma das três empresas conferiu a elas diferentes capacidades de reação e resiliência ante o ambiente desafiador. Confira a análise comparativa da Empiricus sobre o desempenho de Nubank ante seus principais concorrentes.
Inadimplência: o mal de ‘bancão’ chegou até as fintechs
A inadimplência, que atingiu 40% dos brasileiros em outubro, foi um tema comum entre essas empresas, provando que em tempos de crise os males dos grandes bancos são também os das fintechs. As linhas de cartão de crédito e do empréstimo pessoal foram as mais afetadas de longe.
Para o Nubank, a história especialmente dramática. No relatório de análise, a Empiricus ressalva que o primeiro lucro líquido do roxinho desde o seu IPO ocorre a partir de “premissas agressivas na contabilização da inadimplência”.
Se considerada a métrica utilizada pelo banco no segundo trimestre, em 90 dias, os empréstimos atrasados subiram 3,3 ponto-percentual, patamar muito acima dos seus concorrentes.
O Inter, apesar de ter controlado bem os calotes, entregou um prejuízo na linha final, em função de despesas administrativas maiores. O paulista Banco Pan seguiu a mesma linha e conseguiu controlar com mais eficiência a inadimplência, anotando um lucro líquido na casa dos dois dígitos.
Já em termos de crescimento da carteira de crédito, a Empíricos nota que as três empresas desaceleraram o ritmo, embora o arrefecimento seja mais intenso para Nu, que tem emperrado o fomento de novas linhas de empréstimo e alertado aos investidores que o ritmo de antes é página virada, pelo menos por ora.
Nubank: DNA pessoa física cobrou preço
O peso da inadimplência nos números do Nu se deve, segundo a análise da Empiricus, ao seu portfólio composto essencialmente por linhas à pessoa física de conveniência, uma vez que a modalidade “não têm garantia a ser executada em caso de calote”.
Isso ocorre, pois, ao mesmo tempo que as carteiras de crédito agressivas rendem mais margem financeira, elas também cobram seu preço na inadimplência maior. Uma carteira mais diversificada e com mais garantias, casos de Inter e Pan, tem seu valor em ambientes estressados.
Despesas administrativas
Outro ponto considerado pela Empiricus se trata das despesas administrativas. Começando pelo roxinho, a empresa destaca que “o forte crescimento de receita de Nu ajudou na diluição das despesas administrativas, que diminuíram como proporção das receitas totais”.
Ainda assim, a fintech apresentou uma linha de despesas da ordem de R$ 2,0 bilhões, um avanço de quase 200% na comparação anual.
O Inter, em função das várias frentes de atuação paralelas (Inter Shop, expansão internacional) perdeu alguma eficiência nesse campo, como já havia sido reportado previamente pelo Money Times.
O Pan, por sua vez, segue ganhando diluição de despesas gradualmente.
O resultado desse jogo de provisões foi um lucro líquido de R$ 36 milhões para Nu, um prejuízo de R$ 30 milhões para Inter e um lucro líquido de R$ 193 milhões para Pan. Nesse sentido, embora tenha perdido alguma rentabilidade pela subida da inadimplência, o Pan aponta que seguir rentabilizando o capital dos acionistas.
Pan sai ganhando no terceiro tri
O conjunto das métricas revelou que o Nubank se encontra em uma posição mais vulnerável do que seus concorrentes, à proporção que uma carteira de crédito mais agressiva e um cenário de inadimplência mais pesado passam a comprometer mais o lucro líquido.
Na visão da Empiricus, o valuation de 70x mostra que a NuBank segue com um prêmio excessivo e desajustado à capacidade de rentabilizar, considerados os seus problemas atuais.
No caso do mineiro Inter, a Empíricus salienta que o laranjinha enfrenta uma fase de investimentos intensos em novos mercados, preferimos acompanhar a história do lado de fora.
Diante desse cenário, a preferência é determinada em torno do Banco Pan, que ainda tem 88% da carteira de crédito composta por algum tipo de garantia (casos do FGTS, consignado e veículos). Além disso, a operação rentável nos dá conforto adicional na tese.
A Empíricus salienta que o BPAN4 está sendo negociado a um valuation de 8x, com uma carteira de crédito de R$37 bilhões, remessa quatro vezes maior do seu valor de mercado.
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