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NPL tem deságio de até 80% na compra de créditos podres e encurta carteira devida do agro

24 nov 2021, 13:30 - atualizado em 24 nov 2021, 13:50
Aviação Agronegócio
Dívida praticamente de R$ 5 bilhões do agronegócio vai sendo diminuída por gestora (Imagem: Divulgação/SINDAG)

Imagine uma carteira de créditos podres, somando todos os credores, com inadimplidos de 8,2 anos, em média. Agora, se estes formarem a maioria do total administrado de R$ 5 bilhões, deve dar um certo temor no gestor dessa dívida.

Mas para a NPL Brasil, que mantém esses números em sua gaveta voltada para o agronegócio, parece que não.

E olha que a empresa, uma das principais do ramo, já ‘comprou’ dívida de até 38 anos.

Para o CEO Christian Ramos, as estatísticas do setor estão caindo em termos de estoques – ainda representa 80% de tudo que a firma gere -, e aumentando os níveis de negociação.

Melhor para os bancos e instituições financeiras em geral, origens de 68% dos débitos, que vão tirando de suas provisões a entrada dos recursos que um dia pensaram nunca mais receber.

Das tradings, dos fornecedores de insumos e de outros agentes não regulados pelo Sistema Financeiro Nacional, as projeções do executivo são que os créditos podres cheguem a 32%.

“De janeiro a agosto, o número de produtores rurais aceitando acordos triplicou”, repete Ramos o que já disse aqui em Money Times anteriormente.

Como há uma mistura igualitária de pessoas jurídicas e pessoas físicas nesse bolo, com atividades diversas em muitos CNPJs e CPFs, além de que o Banco Central ainda fica devendo em recortes, a NPL não consegue detalhar os setores mais complicados – até agora – e as regiões. Mas são os principais e em todo o Brasil.

É bom negócio para os dois lados. Para o credor, na medida em que o passivo sai da espera de, no mínimo, sete anos para execução judicial, mesmo que vá receber menos do que emprestou lá atrás; para o devedor, obviamente o nome limpo na praça e a continuidade dos negócios no balcão de novo financiamento e negócios com insumos, sem os malabarismos ‘a là’ brasileiros.

Para os produtores-devedores, ainda há vantagens que podem ser adicionadas na repactuação das dívidas, como desconto do devido e juros mais amigáveis dependendo do perfil caso a caso.

E para a gestora dos non-performing loans (daí NPL) o negócio de administrar essa montanha de recursos de retorno complicado também deve ser bom.

Ela consegue um deságio que pode bater nos 80% do valor de face do crédito podre negociado com o credor, com rentabilidade esperada (TIR) que Ramos evita comentar por razões estratégicas de mercado.

“Portanto, partindo do pleno conhecimento da dívida [risco, além de patrimônio e capacidade de pagamento do devedor], estabelecemos uma abordagem positiva e colaborativa para construir soluções sob medida para o devedor que demonstra interesse genuíno em negociar de boa-fé a sua dívida”, acrescenta o gestor da NPL, que, nestas horas, age como uma mistura de asset manager e fintech.

Em tempo: na carteira da empresa a dívida inadimplida mais nova tem só dois meses.

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