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Novo presidente do IRB (IRBR3) quer mais disciplina financeira e afasta chance de outro follow-on

08 dez 2022, 17:04 - atualizado em 08 dez 2022, 17:04
IRB Brasil
O IRB realizou em setembro deste ano um aumento de capital de 1,2 bilhão de reais para reenquadramento de indicadores regulatórios (Imagem: IRB Brasil/Linkedin)

A resseguradora IRB Brasil (IRBR3) não planeja fazer uma novo aumento de capital, mesmo depois de novos resultados negativos, e aposta numa melhora de gestão e dos números operacionais nos próximos meses para voltar ao azul em 2023, disse o presidente da empresa nesta quinta-feira.

O IRB realizou em setembro deste ano um aumento de capital de 1,2 bilhão de reais para reenquadramento de indicadores regulatórios, após uma série de prejuízos mensais, impactados por efeitos climáticos que levaram a quebras de safra.

Mesmo após a operação, o IRB divulgou mais prejuízos o que gerou especulações no mercado sobre um potencial novo aumento de capital, penalizando os papéis da companhia na bolsa.

“Ela (a chamada de capital) foi feita para cobrir o passivo mas não falamos em outra não. Se acontecer uma catástrofe, tem que chamar capital, mas não está no cenário a catástrofe…O passado não deve se repetir e provavelmente não vai precisar de novo capital”, disse o presidente do IRB, Marcos Falcão, à Reuters, em evento do setor de seguros.

Falcão, que foi eleito para a presidência do IRB no mês passado após renúncia de Raphael de Carvalho, disse que 2022 foi um ano marcado por grandes sinistros e, com isso, a tendência é que os seguros subam de preço, o que beneficiaria a receita do segmento.

A grande aposta dele para a guinada no IRB é foco na melhora da gestão operacional, no chamado ‘underwriting’ e na continuidade da venda de ativos. A proposta da nova gestão é dar um perfil ao IRB típico de um banco de investimento. “A gente era muito bonzinho. Vamos fazer ‘underwriting’ mais duro e disciplinado. Talvez seja algo cultural de ex-estatal”, disse ele.

“Temos que ser um business mais com cara de banco de investimento, com mais disciplina financeira, cobrando mais comprometimento das pessoas”, afirmou.

O IRB vem de período turbulento desde que enfrentou um escândalo de fraude revelado em 2020 (Imagem: Money Times/Renan Dantas)

Dessa forma, de acordo com o executivo, o IRB pretende voltar a operar no azul em 2023. “O IRB tinha muitos ativos que estavam mal utilizados…Para ter mais dinheiro precisamos ter resultado operacional, lucro operacional”, afirmou Falcão. A empresa vendeu em agosto sua sede no Rio de Janeiro.

“Este ano é para arrumar a casa e começar 2023 em uma outra velocidade. O primeiro trimestre vai ser um grande trimestre de ajuste…e a partir do segundo trimestre o negócio já estar encaminhado” com relação a seus objetivos, acrescentou ele.

O IRB vem de período turbulento desde que enfrentou um escândalo de fraude revelado em 2020. As ações da companhia fecharam a 0,68 real cada na véspera, próximas de mínimas históricas.

Na semana passada, a empresa propôs aos acionistas um grupamento de ações na relação 30 para 1 de modo a elevar a cotação dos papéis e enquadrar os ativos à regras da B3 (B3SA3).

Falcão assumiu a presidência do IRB com objetivo de mudar os rumos da resseguradora. Ele, que tem passagem pela Icatu Seguros, já era conselheiro da resseguradora desde 2020.

Questionado, o executivo ainda comentou rebaixamento do rating de escala nacional do IRB nos últimos dias pela agência de classificação de risco S&P. “Normal, acho que os resultados explicam a reclassificação.

“Uma resseguradora é um navio e os movimentos são lentos. O rating é uma reação aos resultados que aconteceram neste ano com as catástrofes no agronegócio por causa da seca enorme. Isso afetou IRB e resseguradoras mundialmente”, avaliou ele. “Foi um fator pontual e não estrutural”, adicionou.