Discurso de novo CEO empolga, e ações da Petrobras fecham em alta de quase 6%
Joaquim Silva e Luna, o novo presidente da Petrobras (PETR4), buscará reduzir a volatilidade dos preços de combustíveis sem “desrespeitar” a paridade de importação, disse o executivo nesta segunda-feira, em sua cerimônia de posse, fazendo disparar as ações da companhia.
A afirmação, vem após o presidente anterior da estatal, Roberto Castello Branco, ter sido substituído em meio a críticas do presidente Jair Bolsonaro por uma alta expressiva dos preços de diesel e gasolina no Brasil, que refletiam avanço das cotações no exterior.
Em um discurso de pouco mais de 15 minutos, no qual ressaltou que “deve chegar ouvindo mais e falando menos”, o general da reserva defendeu que é preciso conciliar “interesses de consumidores e acionistas”.
Na sequência, ele disse que buscará “reduzir volatilidade, sem desrespeitar a paridade internacional, perseguindo a redução da dívida, investindo em pesquisa e desenvolvimento e contribuindo para a geração de previsibilidade ao planejamento econômico nacional”.
Embora os comentários de Luna sobre preços de combustíveis não tenham sido inteiramente novos, as ações preferenciais da empresa fecharam com forte valorização, negociadas com ganhos de 5,8%, a R$ 24,28.
O analista de Research da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman, afirmou que o tom conciliatório e parcimonioso adotado por Luna é benigno.
No entanto, ressaltou que “a aplicação de transformações no dinamismo de preços e a manutenção da paridade tendem a apresentar antagonismo e requerirão do novo CEO decisões que, corretamente, serão tomadas após o mesmo se ambientar na presidência da companhia”.
“Uma vez que a mudança no comando da petrolífera fora motivada pela insatisfação do governo com a política atual de preços, acreditamos que uma definição sobre os rumos da nova abordagem quanto a política de preços será o primeiro e principal desafio da nova gestão”, afirmou.
ÁGUAS PROFUNDAS
Luna também apontou para uma continuidade em relação ao que pregava a administração anterior, dizendo que a Petrobras deve “crescer sustentada em ativos de óleo e gás de classe mundial, em águas profundas e ultra profundas, buscando incessantemente custos baixos de eficiência”.
Castello Branco vinha realizando um ambicioso plano de venda de ativos, para focar na produção de óleo e gás natural, no pré-sal, em áreas com alto rendimento.
“Não há dúvidas de que os principais desafios, entre tantos outros, são fazer a Petrobras cada vez mais forte, trabalhando com visão de futuro”, disse Luna, na cerimônia que foi transmitida pela internet, seguindo protocolos para evitar o contágio do novo coronavírus.
Luna não fez comentários explícitos, no entanto, sobre o plano em curso para a venda de dezenas de ativos da empresa.
Presente do evento, o ministro de Minas e Energia, o almirante da reserva Bento Albuquerque, afirmou em seu discurso que as vendas de ativos da Petrobras têm sido um “sucesso” e são importantes também para promover a competição no setor.
DIFERENTES INTERESSES
Além de acenar para o mercado e para consumidores, Luna também se direcionou ao quadro de pessoal da empresa, qualificando-o como “comprometido, engajado, vibrante, profissional” e ressaltou a escolha dos quatro novos diretores, que acumulam décadas de experiência na petroleira.
“O que se quer do novo presidente da Petrobras, imagino, é o novo que se espera que ele produza, em equipe, alinhado com a missão da empresa, liderando um time capaz de vencer desafios, nessa complexa conjuntura, entregando resultados”, afirmou.