Novas metas de emissões para 2030 reduzem estimativa de aquecimento global, mas não bastam
Compromissos mais robustos com a redução de emissões que aquecem o planeta feitas pelos Estados Unidos, países da União Europeia, China e Japão diminuíram o nível projetado do aquecimento global até o final do século para 2,4 graus Celsius, disseram pesquisadores nesta terça-feira.
A análise mais recente do Monitor de Ação Climática (CAT) mostrou que as novas metas nacionais para 2030 e os objetivos de mais longo prazo para zerar emissões, estabelecidos desde setembro conforme o Acordo de Paris, diminuíram sua estimativa de aquecimento em 0,2ºC.
O monitor, administrado pelos centros de pesquisa NewClimate Institute e Climate Analytics, pediu aos governos que agora implantem novas diretrizes para atingir estas metas mais ambiciosas, algumas delas apresentadas na cúpula climática de abril presidida pelos EUA.
Pelos planos nacionais atuais, o clima da Terra ainda esquentará 2,9ºC acima dos tempos pré-industriais, quase o dobro da meta mais ambiciosa do Acordo de Paris de 2015 de limitar o aumento das temperaturas globais médias em 1,5ºC.
Cientistas dizem que manter o aquecimento neste nível cria a melhor chance de evitar os piores impactos da mudança climática, como disparadas devastadoras da fome, da pobreza e do deslocamento forçado por eventos climáticos ainda mais extremos e pela elevação do nível do mar.
“Está claro que o Acordo de Paris está estimulando mudanças, instigando governos a adotarem metas mais fortes, mas ainda há algum caminho a percorrer, especialmente dado que a maioria dos governos ainda não têm políticas em vigor para cumprir seus compromissos”, disse Bill Hare, presidente-executivo da Climate Analytics.
Dos cerca de 90 países que ratificaram o Acordo de Paris, só pouco mais de 40% – o que representa cerca de metade das emissões globais e um terço da população mundial – já apresentaram metas de emissões mais robustas, disse a análise do CAT.
O monitor pediu que os restantes o façam antes da cúpula climática COP26 de novembro, destacando Austrália, México, Brasil, Rússia, Indonésia, Turquia e Arábia Saudita entre os que precisam repensar seus planos.
Antes do Diálogo Climático de Petersbergo, presidido virtualmente pela Alemanha nesta semana, a ministra do Meio Ambiente alemã, Svenja Schulze, disse que a análise do CAT mostrou que “o progresso é possível na ação climática internacional”.
Ativistas climáticos e de desenvolvimento também torcem por avanços nesta semana quanto ao financiamento para ajudar nações mais pobres a adotarem energia limpa e se adaptarem ao agravamento dos eventos climáticos extremos e da elevação dos mares.