Novas altas na gasolina? Reajuste de Petrobras (PETR4) não foi suficiente; entenda
Nesta semana, a Petrobras (PETR3; PETR4) elevou os preços da gasolina e do diesel em suas distribuidoras. Segundo a empresa, o litro da gasolina A subiu em R$ 0,41, passando para R$ 2,93 por litro. Já para o diesel A, o reajuste foi de R$ 0,78 por litro, a R$ 3,80 por litro. Trata-se de reajustes de 16,3% e 25,8%, respectivamente.
No entanto, o reajuste não foi suficiente para bater a defasagem dos combustíveis no Brasil. Segundo dados da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), a gasolina negociada em polos da Petrobras segue 12% abaixo do mercado internacional, o que representa R$ 0,39.
Já o diesel se encontra 9% abaixo dos preços praticados em outros países. Com isso, o combustível é negociado R$ 0,38 mais barato.
Antes do reajuste, a defasagem dos combustíveis ultrapassava o patamar de 20%. Na terça-feira (14), véspera do anúncio de alta, a gasolina brasileira estava 27% abaixo do mercado internacional, enquanto o diesel estava -28%.
Nos cálculos de Thiago Vetter, analista da StoneX, ainda há espaço para novos reajustes. Segundo ele, o preço da gasolina pode subir 9,6%, ou R$ 0,29 por litro, enquanto o óleo diesel poderia ter um aumento de 8,4%, ou R$ 0,21 por litro.
Já os especialistas da XP dizem que as altas vieram abaixo das estimativas de defasagem de preços de combustíveis analisadas pelo time. Segundo cálculos, para zerar a diferença entre os preços domésticos e internacionais, seria necessário reajustar a gasolina em 45% e o diesel em 31%.
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Em audiência pública conjunta das Comissões de Infraestrutura (CI) e de Desenvolvimento Regional (CDR), o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse que a nova política de preços da companhia “passou nos testes”.
Desde 2017 a estatal utilizava os preços de paridade de importação (PPI), que se baseia em valores dolarizados, de empresas que exportam combustíveis ao Brasil. Agora, o preço dos combustíveis é calculado principalmente observando o local de produção e o destino, entre milhares de outras variáveis, as quais constam também o PPI.
Peso da gasolina e diesel na inflação
A alta nos preços dos combustíveis deve pesar na inflação. A projeção da XP para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2023 subiu de 4,6% para 4,8%.
Já os analistas do Itaú Unibanco falam em alta de 5,1% na inflação deste ano, sendo agosto em 0,31%, setembro em 0,50% e outubro em 0,37%. Para 2024, o banco mantém a projeção em 4,3%.
“De um lado, um mercado de trabalho ainda apertado deve continuar pressionando a inflação de serviços no próximo ano. Já uma queda adicional nos preços de commodities ou uma aceleração no nível dos estoques industriais trazem risco de baixa para a projeção do ano”, diz o relatório.
Para Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, o impacto direto do ajuste no IPCA é de 29 pontos-base, o que, somado ao avanço do diesel chega a cerca de 31 pontos-base. Contudo, o mais relevante, de acordo com o economista, é o impacto indireto que o reajuste pode causar, tornando o processo desinflacionário menos intenso e ocasionando eventuais manifestações de caminhoneiros.
*Com Juliana Caveiro