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Nova teoria sobre ações tenta entender flutuações do mercado

28 set 2020, 17:10 - atualizado em 28 set 2020, 17:10
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Ao medir a sensibilidade de vários participantes aos preços, os pesquisadores lançam luz sobre como os investidores de varejo podem ter dado as cartas no maior mercado de ações do mundo (Imagem: Reuters/José Manuel Ribeiro)

Investidores de curtíssimo prazo, os chamados day traders que reivindicam o direito de se gabar pela recuperação de US$ 9 trilhões do mercado acionário dos EUA neste ano podem encontrar algumas evidências em uma pesquisa recente.

Mesmo com a expansão das negociações de investidores de varejo para 20% do volume diário, Wall Street tem se esforçado para descobrir o quanto esse contingente de tamanho modesto realmente influencia os preços. Afinal, o mercado está repleto de fundos algorítmicos, gestores apenas com posições compradas e muito mais.

Mas há uma nova maneira de entender as flutuações das bolsas com a ajuda de acadêmicos da Universidade Harvard e da Universidade de Chicago.

Ao medir a sensibilidade de vários participantes aos preços, os pesquisadores lançam luz sobre como os investidores de varejo podem ter dado as cartas no maior mercado de ações do mundo.

pesquisa, intitulada “In Search of the Origins of Financial Fluctuations: The Inelastic Markets Hypothesis (Em busca das origens das flutuações financeiras: a hipótese dos mercados inelásticos)”, não se concentra especificamente na multidão de investidores de varejo, mas a correlação é clara.

Segundo a teoria de Xavier Gabaix e Ralph Koijen, gestores institucionais são amplamente insensíveis aos preços porque suas compras e vendas são guiadas principalmente por seus mandatos. Isso confere influência desproporcionalmente grande a outros investidores, como fundos de varejo.

De acordo com sua perspectiva de mercado inelástico, os crescentes fluxos de day trading podem ter tido um impacto muito maior do que seu tamanho absoluto.

“A demanda de famílias (incluindo fundos mútuos e ETFs) está positivamente correlacionada com mudanças de preços, enquanto a demanda de outros setores está fortemente e negativamente correlacionada com mudanças de preços”, escreveram Gabaix e Koijen em um estudo publicado em setembro. “Isso é consistente com a hipótese dos mercados inelásticos, em que choques do setor doméstico” levam a preços voláteis, disseram.

Tudo isso significa que “investir US$ 1 no mercado acionário aumenta o valor agregado do mercado em cerca de US$ 5”, escreveu a dupla.

Ninguém pode dizer com certeza quanto dinheiro investidores de varejo injetaram no mercado neste ano, mas o número de contas em plataformas como a Robinhood Financial disparou.

A E*Trade Financial, a TD Ameritrade e a Charles Schwab registraram inscrições recordes nos três meses encerrados em março, e o crescimento continuou após esse período, pois os clientes negociaram mais do que nunca no segundo trimestre. A Robinhood disse em maio que 3 milhões de novas contas foram adicionadas em 2020, e metade dos novos clientes são investidores novatos.

Gabaix e Koijen esperam que sua abordagem finalmente ajude a entender como as ações se movem – uma das questões que há muito tempo desafia a explicação, apesar dos melhores esforços de Wall Street e de acadêmicos.

A dupla sugere que um melhor ponto de partida é entender o que tem impulsionado os fluxos. Isso pode incluir desde a retirada de investidores estrangeiros até a emissão de novas ações.

“O mistério dos movimentos aparentemente aleatórios do mercado acionário, difíceis de vincular aos fundamentos, é substituído pelo problema mais administrável de compreender os determinantes dos fluxos”, escreveram os pesquisadores.