Meio Ambiente

Nova-iorquina fotografa terras perdidas por mudança climática

23 set 2019, 14:12 - atualizado em 23 set 2019, 14:12
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A artista passou décadas documentando o meio ambiente e, nos últimos anos, focou suas lentes no caos causado pelas mudanças climáticas (Imagem: Diane Tuft/Bloomberg)

Andando de moto por uma estrada esburacada em uma remota ilha do Pacífico, a nova-iorquina Diane Tuft estava muito longe de casa.

Tuft é uma figura da alta sociedade de Manhattan, que frequenta galas de caridade em roupas brilhantes com seu marido de Wall Street. É um rosto conhecido no apoio às causas de Nova York: o Museu Whitney de Arte Americana, a Roundabout Theatre Company e o Instituto de Pesquisa do Câncer.

Mas Tuft, de 71 anos, sentiu-se compelida a viajar para Kiribati – um voo de nove horas do Havaí, seguido de um passeio de barco de três horas que foi finalizado pelo trajeto esburacado – com o objetivo de visitar os poucos moradores que restavam em Tebunginako, uma vila que está sendo engolida pelo aumento das marés.

“Estou fazendo isso para que prestemos atenção ao que está acontecendo no mundo”, disse Tuft, em entrevista em um restaurante da rede Le Pain Quotidien, no bairro do Upper West Side, em Manhattan. “Não é mais ‘se’, é ‘quando’. Está acontecendo e acontecerá mais rapidamente do que pensamos.”

A artista passou décadas documentando o meio ambiente e, nos últimos anos, focou suas lentes no caos causado pelas mudanças climáticas. Isso frequentemente a leva a destinos não muito confortáveis. Para seu novo projeto, “Rising Tide: Sinking Earth” (maré subindo: terra afundando, em tradução livre), Tuft viajou para as profundezas do Delta do Ganges, em Bangladesh, para as Ilhas Marshall, desaparecidas no Pacífico central, e para Florida Keys, devastada pelo furacão.

Já o projeto “Arctic Melt” (derretimento do ártico) produziu imagens quase abstratas de beleza, tiradas ao redor do Polo Norte em meio a algumas das condições mais adversas do planeta. O novo trabalho de Tuft se concentra na mudança de vida das pessoas que vivem nessas áreas em crise.

Aqui estão algumas das imagens capturadas até agora. Tuft planeja exibir “Rising Tide: Sinking Earth” em 2020.

1. Zafar Alam

Zafar Alam, 57 anos, gesticula em direção às águas onde costumava ficar sua casa. Ele é residente da ilha de Kutubdia, na costa do Bangladesh. A ilha registrou um dos aumentos mais rápidos do mundo do nível do mar.

2. Kalabogi, Bangladesh

A vila de Kalabogi fica no lado norte do delta de Sundarbans, em Bangladesh. A vila agora consiste em duas fileiras de casas de palafitas do governo, desde que os prédios originais foram levados pela água. Dois terços de Bangladesh ficam a menos de cinco metros acima do nível do mar.

3. Teghuria, Bangladesh

Peixes mortos flutuam em uma lagoa na vila de Teghuria, em Bangladesh. As chuvas chegaram cedo, diluindo a água salgada de que os peixes precisam, matando-os e destruindo os meios de subsistência dos piscicultores.

4. Ilha Holland, Maryland

Lápides na abandonada Ilha Holland, na baía de Chesapeake, em Maryland. A baía, uma das áreas mais baixas dos EUA, costumava hospedar centenas de ilhas. O aumento do nível do mar deixou apenas três ilhas habitadas. Essas sepulturas registram os últimos moradores da ilha, que foram enterrados no final do século XIX.

5. Tebunginako, Kiribati

Cem famílias viviam na vila de Tebunginako, na ilha de Kiribati, no Pacífico. Restam apenas três, agora que inundações e a erosão costeira mataram plantas e tornaram a água doce salobra. Elas aguardam a mudança para áreas mais altas.

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