Nova guerra comercial entre China e EUA pode ser vantajosa para o Brasil; veja as ações que saem ganhando
Os Estados Unidos e a China podem estar em entrando em uma nova guerra comercial, puxada pelos aumentos nas tarifas de seus veículos elétricos chineses por parte dos EUA e Europa, além de uma possível retaliação do país asiático.
Segundo relatório da XP Investimentos, isso pode ser vantajoso para o Brasil, já que da última vez (entre 2018 e 2019), o país foi favorecido com uma maior demanda por soja. Além disso, o comércio bilateral entre o Brasil e China aumentou nos últimos anos.
“Soja, carne bovina e suína, entre outros produtos, receberam tarifas para reduzir o déficit comercial, prejudicando os consumidores de ambos os lados e causando um desvio de comércio para outros países”, lembram os analistas Leonardo Alencar, Pedro Fonseca, Samuel Isaak e Sol Azcune, que assinam o documento.
Os dados históricos mostram que a China depende das importações de grãos e proteínas, sendo que o Brasil e os EUA respondem por mais de 80% das exportações globais do setor.
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“Mudança nos fluxos comerciais, com a demanda chinesa de soja mudando EUA para o Brasil, exerceu uma pressão baixista sobre os preços da CBOT, ao mesmo tempo em que aumentou os prêmios dos produtos brasileiros. Essa mudança aumentou significativamente as margens dos agricultores brasileiros”, aponta o relatório.
Do lado dos frigoríficos, na época, houve um aumento significativo nos volumes e prêmios de carne bovina com a implementação de tarifas por parte da China.
Com isso, os analistas apontam que os exportadores estariam melhor posicionados para capturar essa demanda na nova guerra comercial entre as maiores economias do mundo, especialmente SLC Agrícola (SLCE3) e BrasilAgro (AGRO3).
Já os serviços agrícolas os benefícios seriam indiretos — caso da Boa Safra (SOJA3), 3 Tentos (TTEN3), Vittia (VITT3) e AgroGalaxy (AGXY3).
Para frigoríficos, embora os maiores preços de grãos aumentem provavelmente os custos de produção de frangos e suínos, e gado nos EUA, o impacto geral pode ser positivo para as empresas com exposição à China — caso da Minerva (BEEF3).
“Acreditemos que o equilíbrio entre oferta e demanda continue sendo crucial, porém o impacto de uma possível guerra comercial deve ser positivo para os players agro produtores, e serviços. O aumento da demanda de exportação para a China provavelmente impulsionará os preços da soja e do milho”, dizem.
Agro: Veja as ações com maior exposição direta de receita à China
Empresa | Ações | Exposição |
SLC Agrícola | SLCE3 | 86% |
BrasilAgro | AGRO3 | 64% |
Minerva | BEEF3 | 21% |
3 Tentos | TTEN3 | 12% |
Marfrig | MRFG3 | 8% |
JBS | JBSS3 | 6% |
BRF | BRFS3 | 3% |
Entenda a guerra comercial entre China e Estados Unidos
Os desentendimentos econômicos entre os dois países se intensificaram após Donald Trump assumir a presidência em 2017. Ele estabeleceu tarifas e outras barreiras sobre uma série de artigos chineses, incluindo o aço e o alumínio, alegando práticas comerciais injustas. Em resposta, o governo chinês adotou medidas de retaliação.
Já o atual presidente dos EUA, Joe Biden, manteve as tarifas impostas pelo governo anterior e aumentou ainda mais as taxas para setores considerados estratégicos, como baterias, minerais críticos, células solares, aço, semicondutores e alumínio. Recentemente, foi anunciada uma tarifa de 100% sobre os veículos elétricos chineses.
Caso Trump seja eleito, ele deve manter e até intensificar as políticas protecionistas — em entrevistas, ele já falou sobre um imposto geral de 10% sobre importações estrangeiras e 60% sobre as chinesas. Caso Biden seja reeleito, a expectativa é de que ele mantenha a sua atual política comercial.