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NotreDame Intermédica vira uma das maiores apostas da FAMA na era Covid-19

07 abr 2020, 13:52 - atualizado em 07 abr 2020, 13:52
A Intermédica e a Bain levantaram cerca de R$ 5 bilhões com uma oferta de ações em meados de dezembro (Imagem: Equipe Money Times)

A FAMA Investimentos aproveitou as distorções recentes de preço no mercado para mexer no portfólio e tornou a posição em NotreDame Intermédica (GNDI3) uma das maiores de seu fundo, junto com Localiza (RENT3).

A gestora, com cerca de R$ 1,9 bilhão sob gestão, também aumentou a posição em SulAmérica (SULA11) e adicionou Lojas Renner (LREN3) e Linx (LINX3) à carteira, disse o cofundador Fabio Alperowitch.

“As ações de companhias de plano de saúde foram duramente penalizadas por conta da leitura do mercado de que os planos teriam alta sinistralidade com a epidemia”, disse Alperowitch, em entrevista.

Em sua visão, no entanto, os planos de saúde tendem a ser beneficiados pelo fato de que todos os casos de não urgência – de consultas médicas a exames e cirurgias – devem ser cancelados ou adiados. “A sinistralidade vai cair e não subir.”

A FAMA, fundada em 1993 por Alperowitch e Mauricio Levi, também tinha outras apostas no setor antes da crise, com participações em Fleury (FLRY3) e Raia Drogasil (RADL3). O gestor espera que haja uma aceleração da telemedicina, o que deve reduzir custos na cadeia de uma maneira estrutural.

A Intermédica, na qual a empresa de private equity Bain Capital possui participação de cerca de 20% por meio de um veículo de investimento, faz parte do grupo de operadoras de saúde verticalizadas no Brasil, que não só vendem planos de saúde, mas também são donas dos hospitais. A Intermédica e a Bain levantaram cerca de R$ 5 bilhões com uma oferta de ações em meados de dezembro.

No começo do mês, o UBS elevou a recomendação para as ações da Intermédica para compra, destacando que a empresa deve se sair relativamente bem diante de um ambiente macroeconômico mais difícil, dado que seu portfólio conta com produtos mais acessíveis.

Preocupações relacionadas ao vírus podem estar superestimadas, escreveram os analistas Vinicius Ribeiro e Gustavo Piras Oliveira em relatório de 1º de abril, destacando um “ponto de entrada único”.

Renner e Linx, duas novidades no portfólio da FAMA, já eram nomes dos quais a gestora gostava, mas que antes não ofereciam um valuation atrativo.

“Todo mundo sempre diz que ‘essa crise vai ser diferente’, ‘agora o mundo acabou’. No final das contas, o mundo sempre volta a ser o mundo anterior. Com algumas mudanças, certamente,” disse Alperowitch. “As empresas resilientes navegam e chacoalham, mas emergem mais fortes.”