Economia

“Normalização parcial” é adequada para convergência da inflação à meta, diz Copom

11 maio 2021, 8:35 - atualizado em 11 maio 2021, 10:03
Banco Central
Na reunião, o Copom decidiu por uma alta de 0,75 ponto percentual da Selic, para 3,5%, e sinalizou a intenção de fazer um novo aperto da mesma magnitude em junho (Imagem: REUTERS/Ueslei Marcelino)

Os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central avaliaram que levar a taxa Selic, sem interrupção, até o nível considerado neutro empurraria a inflação “consideravelmente” para abaixo da meta, mostrou a ata da última reunião do colegiado divulgada nesta terça-feira.

Na reunião, o Copom decidiu por uma segunda alta consecutiva de 0,75 ponto percentual da Selic, para 3,5%, e sinalizou a intenção de fazer um terceiro aperto da mesma magnitude em seu próximo encontro em junho, “caso não haja mudança nos condicionantes de inflação”.

“O Copom reafirmou que essa visão para as próximas reuniões pode ser alterada caso haja mudança nas projeções de inflação ou no balanço de riscos, uma vez que a decisão continuará dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, e das projeções e expectativas de inflação”, disse o colegiado na ata.

Na reunião realizada na semana passada, os membros do Copom apontaram que a expressão “normalização parcial” que tem sido adotada para definir o ciclo atual de alta dos juros reflete as opiniões do colegiado sobre a política monetária adequada à convergência da inflação para a meta.

O termo indica a intenção de ainda se manter um estímulo à economia, com os juros mais altos mas abaixo do patamar considerado neutro –6,5%, segundo cenário básico citado pelo BC no mês passado.

“O Copom entende que a menção à “normalização parcial”, assim como a divulgação do juro neutro e do hiato do produto implícitos nos modelos utilizados pelo Comitê, amplia a transparência sobre a função de reação do Banco Central e, consequentemente, aumenta a eficiência da política monetária.”

“Naturalmente, o Copom reavalia seu cenário a cada reunião tendo como compromisso a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante”, completou a ata.

O cenário básico do BC, que considera a trajetória para a taxa Selic prevista pelo mercado e uma taxa de câmbio que mantém a paridade do poder de compra, aponta para uma inflação de 5,1% este ano –bem acima da meta central de 3,75% ao ano– e de 3,4% para 2022 –um pouco abaixo da meta de 3,5%. Nos dois períodos há uma tolerância na meta de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.

Mas o Copom voltou a destacar na ata que os riscos fiscais elevados de curto prazo do país, como possibilidade de despesas adicionais com a crise da pandemia e frustração com reformas, geram um viés de alta para essas projeções.

“Essa assimetria no balanço de riscos afeta o grau apropriado de estímulo monetário, justificando assim uma elevação de juros de 0,75 ponto percentual nesta reunião”, disse o colegiado.

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Retomada robusta

Ao avaliar a economia doméstica, o Copom reiterou na ata avaliação já feita no comunicado logo após a decisão de que os últimos dados têm surpreendido positivamente e se mostrou mais confiante com o segundo semestre, ao frisar que ele “deve mostrar uma retomada robusta da atividade”. Na ata anterior, de março, essa recuperação era apresentada apenas como possibilidade.

Parte do mercado considerou o comunicado do BC da semana passada mais duro com a inflação (“hawkish”). Alguns bancos estrangeiros elevaram suas estimativas da Selic para o final de 2021 depois da decisão, ainda que o conjunto de analistas consultados pelo BC tenha mantido estáveis suas projeções para o juro básico –com mediana das apostas em 5,50% ao final deste ano e em 6,25% ao fim de 2022.

Na ata, o colegiado não trouxe considerações adicionais sobre o cenário inflacionário em si, reiterando avaliação de que os choques atuais, determinados principalmente por alta dos preços das commodities e também dos preços de energia, são temporários, mas que segue atento à sua evolução.

(Atualizada às 10h02)