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Banco do Brasil (BBAS3) fica mais barato com ‘ferida’ de R$ 4,5 bi na bolsa?

14 abr 2025, 19:36 - atualizado em 15 abr 2025, 19:28
Banco do Brasil
Um outro ponto é que a ação acumula alta de 17% no ano. Ao seja, pode ter havido um movimento de realização de lucro (Imagem: Tarcisio Schnaider/iStock)

Nas ações que mais caíram com o tarifaço de Donald Trump, uma, em especial, chamou a atenção: o Banco do Brasil (BBAS3).

Entre o dia 2, dia do anúncio, e 10 de abril, a ação perdeu R$ 4,5 bilhões, mais do que outros bancos e ações que, em tese, podem ser mais prejudicadas pelas tarifas, como a Brava Energia (BRAV3) ou a Embraer (EMBR3). Os dados são da Elos Ayta.

Em relatório, o Bank of America chegou a colocar o papel como ‘blindado’ das tarifas. Por operar principalmente no ambiente doméstico e por atuar em um setor mais seguro, o BB ganhou preferência.

Apesar disso, analistas que conversaram com o Money Times até veem sentido na queda. Sérvulo Mendonça, chairmain da Holding SM, lembra que por ser uma estatal, investidores estrangeiros, que têm forte peso no papel, tendem a sair primeiro de ativos mais sensíveis ao risco político.

Um outro ponto é que a ação acumula alta de 17% no ano. Ou seja, pode ter havido um movimento de realização de lucro.

“Até o início de abril, as ações haviam registrado uma valorização significativa no ano, e essa combinação de ganhos acumulados e a incerteza gerada pelo cenário internacional tende a levar alguns investidores a realizarem lucros”, discorre Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos.

Oportunidade em Banco do Brasil?

Apesar da queda, os analistas veem o BB bem posicionado e barato. De acordo com Mendonça, o BB ainda negocia com desconto em relação aos bancos privados, como o Itaú (ITUB4).

“Para quem investe pensando no médio ou longo prazo, a queda pode representar uma boa oportunidade. O banco está saudável, gera caixa, paga bons dividendos e está com um preço atrativo. Claro, sempre existe o risco político, mas os fundamentos continuam sólidos”.

Nos cálculos de Fernando Bresciani, analista de investimentos do AndBank, o BB tem upside em torno de 23%, negociando a 0,9 vez o patrimonial e um dividend yield (retorno de dividendos) de 10%.

“O setor bancário nesse momento de certeza global é uma oportunidade. Bombando a exportação e a demanda chinesa, acho que o setor agrícola captura isso e acaba impactando o BB”

Já Lima recorda que o preço sobre o lucro (P/L), que mede o quanto uma ação está barata, está abaixo de 6 vezes,

“O que significa que o preço da ação está consideravelmente baixo se olharmos pela ótica do lucro que a empresa gera, ou pelo patrimônio que a empresa possui”.

“Apesar dos desafios no curto prazo, o Banco do Brasil continua apresentando uma sólida rentabilidade e uma política consistente de distribuição de dividendos”.

Em relatório da semana passada, a XP Investimentos atualizou os números esperados para o banco e elevou o preço projetado para as ações até o fim de 2025.

A corretora aumentou o preço-alvo de R$ 37 para R$ 41 — o que representa um potencial de valorização de 48,8% sobre o preço de fechamento da última quinta-feira (10).

“Apesar do provável cenário macroeconômico desafiador em 2025 e da maior inadimplência na carteira de Agronegócio (cerca de 1/3 da carteira de crédito do BB), esperamos que o lucro líquido cresça 4% em relação a 2024”, escreveram os analistas Bernardo Guttmann e Matheus Guimarães em relatório.

Para eles, os resultados devem ser beneficiados, principalmente, pelos juros mais altos — considerando que cerca de 40% dos recursos do Banco do Brasil provêm de caderneta de poupança e depósitos judiciais, que remuneram 6% ao ano ante a Selic a 14,25%.

O que esperar dos resultados?

O BB divulgará o seu resultado do primeiro trimestre no dia 13 de maio com margens de crédito ainda pressionadas por custos de captação mais altos e volumes menores, segundo o Safra.

Em relação à inadimplência, o banco vê pressão sequencial de tendências de qualidade de ativos mais fraca no segmento de agronegócio, conforme observado nos dados do sistema.

“Assim, projetamos um índice de inadimplência maior no segmento rural de 2,71% (+26 pontos-base) e provisões líquidas totais de cerca de R$ 10,14 bilhões”.

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Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022, 2023 e 2024. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
renan.dantas@moneytimes.com.br
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