No Rio de Janeiro, catadores lutam para sobreviver durante pandemia

Deise Geraldine é uma das centenas de catadores do Rio de Janeiro cujo ganha-pão consiste em coletar garrafas e latas deixadas por consumidores, bares e restaurantes nas calçadas.
Mas com a pandemia de coronavírus deixando os consumidores em casa e os estabelecimento fechados, sua cooperativa de catadores também parou, e seus membros passam por dificuldades para colocar comida à mesa.
“E quando acabar e o leite e fralda dos meus filhos?”, questionou Geraldine de sua casa, cujas paredes são feitas de compensado de madeira. “Para a gente pode faltar tudo, mas para os filhos não pode não.”
Geraldine é membro da Cooperativa Popular Amigos do Meio Ambiente (Coopama), um grupo de catadores de material reciclável no Rio.
A cooperativa tem quase 900 membros que coletam e separam o lixo buscando itens que possam ser reciclados. Agora, no entanto, as instalações da Coopama, que normalmente são sempre movimentadas, estão vazias.
O Brasil tem mais de 5.717 casos confirmados de coronavírus, mais do que qualquer outro país na América Latina.
A pandemia colocou governo federal e Estados em rota de colisão. O presidente Jair Bolsonaro tem demonstrado contrariedade às medidas de isolamento, minimizando os riscos do Covid-19.
Ao mesmo tempo, autoridades estaduais, incluindo o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), impuseram quarentenas alinhadas com as orientações de organizações internacionais.
Mas as restrições apresentam um custo para a maioria dos trabalhadores mais vulneráveis.
“Nesta semana, o pessoal já não tem mais nada, um valor, um dinheiro, para comprar seus alimentos e manter suas despesas”, disse Luiz Carlos Fernandes, presidente da cooperativa.
Jhonatan Ezequiel tem coletado material para a cooperativa pelos últimos quatro meses. Ele se preocupa com dinheiro, mas a saúde vem primeiro.
“Tenho muito medo de acontecer alguma coisa, de contaminar a minha família, minha família morrer e não poder fazer nada”, disse.