No retrovisor do ano de recordes do milho, confira as principais variáveis e preços médios mensais
Os eventos que influenciaram os fundamentos do milho, movimentando a volatilidade das cotações na bolsa de mercadorias de Chicago, foram mais divididos com a soja nos três primeiros meses de 2022.
Ademais dos reflexos da crise ucraniana, onde o cereal só tem menor importância que o trigo na oferta do país ainda sob ataque da Rússia, e dos temores macroeconômicos globais que jogaram a aversão ao risco sobre os preços em boa parte dos 12 meses – de resto também sobre as demais commodities -, o destaque do ano foi a excelente safra de inverno.
O milho safrinha cresceu 44%, por aí, sobre o ciclo 20/21. Acima de 87 milhões de toneladas. Outro recorde é o ano fechar a quase 80 milhões/t de exportações, mais de 110% de alta.
Acompanhe abaixo o retrovisor mensal preparado pela plataforma de comercialização Grão Direto, assinado pelo analista Ruan Sene, com a colaboração de Money Times, além da tabela média de preços do ano (ao final).
Janeiro
A mínima do ano neste mês é clássica, quando ainda há milho americano no mercado, apesar da baixa oferta brasileira do ano anterior. Mas a seca no Sul e na Argentina (La Niña) já dava as caras e mostrava uma safra ruim de verão, como seria também na soja, e até deu suporte para Chicago não cair mais. A média do mês foi de US$ 5,93 o bushel nos contratos mais ativos.
Fevereiro
Ampliando a precificação climática, estourou a guerra na Ucrânia. Embora a invasão tenha sido em 24 de fevereiro, as duas semanas anteriores indicavam os preparativos russos e os grãos já começaram a disparar. Enquanto a saca no Rio Grande do Sul bateu até em R$ 110, o bushel escalou US$ 6,49.
Março
O mês referendou a baixa produção na América do Sul. A 1ª safra do Brasil caiu de uma estimativa de 27,9 milhões de toneladas, para 22 milhões/t. A Argentina retirou mais um tanto do mercado. E a guerra avançava no Leste, sem a oferta ucraniana. Chicago mediou em cerca de US$ 7,49.
Abril
Além desse cenário acima, os Estados Unidos começaram a plantar, sob a expectativa de redução de área pelo clima, só que no Brasil a safrinha entrou cheio no chão, dentro da janela de plantio. A régua do bushel subiu pouca coisa ainda, US$ 7,83, mas já se alinhando em estabilidade.
Maio
Neste mês ficou mesmo de lado, US$ 7,87. Se confirmava que o cereal de inverno iria bater lá em cima no Brasil. Houve alguns picos de aversão ao risco nos 30 dias, mas também o plantio nos EUA avançou.
Junho
As primeiras colheitas brasileiras, início das primeiras exportações no milho novo, suprindo a lacuna da Ucrânia, trouxe a cotação pouco abaixo, US$ 7,59, abrindo o segundo semestre do qual não sairia mais da franja dos US$ 6 a próximo de US$ 7.
Julho
O acordo de exportações do milho ucraniano, pelo Mar Negro, começou a pressionar, junto com essas condições da oferta brasileira aumentando, apesar do clima errático nos EUA ainda gerando incertezas. Há uma perda de 93 pontos sobre a média do mês anterior. Fica em US$ 6,66.
Agosto
Colheita recorde no Brasil. E plantio americano dentro do padrão médio previsto. Apesar de sinais mais preocupantes com a demanda global melhor distribuída que a soja – esta mais dependente da China -, não teve jeito e a base ficou em US$ 6,38.
Setembro
Dias de muitas interferências do mercado financeiro global. O acordo russo-ucraniano claudicando. Os dois fatores sobrepujaram os indicativos de que as exportações brasileiras seriam recordes no ano. O driver de Chicago ficou na média de US$ 6,81.
Outubro
Argentina emite sinais de alerta pela seca e calor que aumentariam depois. Rio Grande do Sul mais ou menos, ainda. Mas colheita americana saindo e fornecimento brasileiro crescendo, deixando estacionada a cotação em cerca de US$ 6,84.
Novembro
A demanda mundial sem explosão e a presença do milho nacional, mais o americano entrando no mercado, vai superando as condições adversas do plantio de verão no Sul e nos países vizinhos. US$ 6,68 foi a marca do mês. O acordo para vendas de milho do Brasil à China, neste período, só terá efeito nos preços o ano que vem, se tiver.
Dezembro
Até dia 12, se confirma a mínima do ano em torno dos US$ 6,35. O Brasil confirma recorde de mais de 110% de crescimento nos embarques (para 78/80 milhões/t ano) – mais uma vez graças ao milho safrinha -, e também sazonalmente os mercados compradores já estão meio parados, inclusive com as fábricas de ração doméstica fora dos negócios.