No mês da deflação, dólar lidera ganhos junto com fundo DI; Ibovespa sobe 0,30%

Por Ângelo Pavini, da Arena do Pavini

Em um mês marcado pelos desdobramentos da crise política deflagrada em 18 de maio pelas denúncias do sócio da JBS Joesley Batista contra o presidente Michel Temer, o dólar liderou em rentabilidade, com alta de 2,38%. A moeda americana, pressionada pela busca por proteção e pela saída dos estrangeiros, fechou junho vendida a R$ 3,314 no mercado comercial, com ganho de 1,91% no ano. Já o dólar turismo encerrou o mês vendido a R$ 3,47, em alta de 0,58% no mês e de 2,06% no ano.

A tensão aumentou com a apresentação da denúncia contra o presidente pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, na segunda-feira. Mas diminuiu com a aprovação da reforma trabalhista na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, indicando que Temer pode ter alguma força para aprovar mudanças na Previdência. A libertação do ex-deputado Rodrigo da Rocha Loures, que era assessor especial de Temer, também indica uma melhora da situação do presidente.

Com isso, o Índice Bovespa se recuperou e fechou o mês com alta de 0,30%. Já as aplicações de renda fixa mais conservadoras, de menor prazo, os antigos fundos DI lideraram em rentabilidade em meio às turbulências do mês.

A deflação do IGP-M, por sua vez, aumenta o ganho real das aplicações financeiras e reforça a tendência de queda dos juros no curto prazo. O movimento foi reforçado pela redução das metas de inflação anunciado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Papéis com IGP-M

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Aplicações vinculadas ao IGP-M, com a queda, devem registrar perdas, mas elas serão compensadas pelos juros reais pagos pelos papéis, lembra Joaquim Kokudai, da JPP Capital. “Além disso, são papéis em geral de longo prazo e essa perda será diluída no prazo e com as oscilações do índice”, explica. Contratos de aluguel que vencem agora também devem ter desconto, a menos que prevejam que não podem perder valor.

A situação fiscal, porém, segue delicada, com o setor público registrando em maio o maior déficit desde 1999. A dívida pública também subiu, para 72,5% do PIB, novo recorde. Em meio à queda da arrecadação, o governo volta a admitir aumentos de impostos, como da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre os combustíveis.

No ano, o ouro lidera, com mais de 10% de ganho, impulsionado pelas incertezas no mercado internacional. Já o Ibovespa fica atrás da renda fixa no ano.

Confira abaixo as rentabilidades das aplicações no mês.

Fonte: B3, Banco Central, Anbima, FGV, CMA. Os dados de fundos são projeções feitas pela Anbima com base nas cotas até dia 27 de junho. O imposto de renda das aplicações de renda fixa é calculado com base em uma alíquota de 15%, válida para aplicações acima de 2 anos.