No estado onde até ambientalista não usa etanol, de tão caro, governo quer novas biomassas
O preço médio do etanol no Rio Grande do Sul está em torno de R$ 5,65. Há picos de R$ 6 em algumas cidades. De R$ 1,50 a R$ 2,00 acima da mediana paulista. Tradicionalmente, quando não é o biocombustível mais caro do País, como agora, disputa com alguns estados do Norte e Nordeste, pelos dados coletados da ANP e da empresa Ticket Log.
Impossível imaginar o estado, portanto, consumindo o renovável. A poluição ambiental por lá é praticamente compulsória, via queima de combustível fóssil nos veículos. Carros flex para os gaúchos é apenas uma vaga lembrança, mesmo para o mais radical ambientalista.
Tem redes de postos que nem vendem mais etanol.
O etanol hidratado que chega ao Rio Grande do Sul, mais perto, vai do Noroeste do Paraná. Sem cana para produção local, quando muito um pouquinho para aguardente, não tem como não depender da importação do Centro-Sul.
E mais uma vez se houve falar que o governo estadual quer incentivar a produção do biocombustível chamado de alternativo.
Já há iniciativas de produção a partir de biomassas comuns no estado, como palha de arroz, desenvolvidas pela Usi Biorrefinarias. Mas de escala minúscula, tanto na própria planta operada pela empresa, quanto em outras que desenvolve para terceiros. Quatro no total.
Há planos para implantação de mais, em parcerias comerciais, explica Francisco Mallman, CEO, mas também depende de um tal de arroz gigante, que, por conclusão, oferece mais biomassa.
Há também até a iniciativa do grupo mineiro Triex, que montou a Trio Bioenergia, já apresentada aqui em Money Times, extraindo etanol de farináceos, como sobras e descartes de indústrias alimentícias e panificadoras. É a Trial Bioenergia, com uma planta protótipo de 30 mil m³.
No todo, o Rio Grande do Sul produz 0,3% do etanol que é vendido nos postos, cerca de 1,6 bilhão de litros, segundo o secretário-adjunto da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural, Fernando Rodriguez Júnior.
Nada.
O governo, nesse momento, renova a Política Estadual de Estímulo à Produção de Etanol, que quer fazer virar lei na Assembleia Legislativa, e criou o Programa Estadual de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva do Etanol.
No contexto integrando campo, indústria e fornecedores, “a regulamentação estabelecerá normas para uso de sementes e mudas, responsabilidades e possibilidades de formação de convênio, incentivos fiscais para produção, máquinas e equipamentos, além de prever fontes de recursos para o fomento e a criação de um comitê gestor, entre outros”, explica a autoridade.
Além do milho, plantado só no verão no estado, cultura que já fornece uma dose cada vez maior de etanol nas refinarias do Centro-Oeste, e de exploração já tradicional, e do arroz, que os experimentos comerciais já se confirmam promissores, as lavouras de inverno são alvos do programa.
Tudo que produz amido, tem açúcar. Tendo açúcar, sai etanol. Daí trigo, triticale, aveia e, também, tubérculos, como batata. Nem a cana-de-açúcar o governo e a iniciativa privada estão descartando incentivar a produção.
A ver.