Internacional

No Brasil, representante do governo Biden discute como usar comércio para punir violadores ambientais

08 mar 2023, 19:17 - atualizado em 08 mar 2023, 19:17
Biden
A embaixadora disse que essa primeira viagem é ainda exploratória, dado que o novo governo tem menos de três meses, mas o governo de Joe Biden pretende se engajar (Imagem: Sarah Silbiger/Pool via REUTERS)

O governo Joe Biden espera que o Congresso norte-americano volte a tratar nessa nova legislatura dos projetos de lei que prevêem o impedimento de importação de produtos de áreas com desmatamento, disse nesta quarta-feira a representante de Comércio dos Estados Unidos, Katharine Tai.

Tai, que passou o dia em encontros com vários membros do governo brasileiro — incluindo o vice-presidente Geraldo Alckmin, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad –, deixou claro que é a decisão sobre as propostas é do Congresso, mas acrescentou que o governo Joe Biden está interessado em trabalhar com mecanismos de “incentivo e punição”.

“Esse tópico surgiu em minhas conversas no contexto de explorar alternativas, tanto com o governo brasileiro quanto com representantes da sociedade civil”, explicou em uma roda de conversa com jornalistas no final da quarta-feira.

“Como podemos usar ferramentas de comércio para promover os objetivos de sustentabilidade e também resiliência e inclusão. Nós estamos muito interessados nessa conversa sobre incentivos e penalidades”, disse.

Segundo a embaixadora, os projetos que foram apresentados no Congresso norte-americano são semelhantes à legislação aprovada pela União Europeia, mas não se pode dizer ainda quando e se serão aprovadas.

Tai foi perguntada também sobre medidas para conter o comércio internacional de ouro vindo do Brasil, que chega a diversos países, inclusive aos Estados Unidos, apesar de serem oriundos de garimpo ilegal.

A embaixadora admitiu que o assunto foi tratado nas conversa em Brasília, mas disse que não tinha ainda uma resposta. “É algo que vou levar para Washington para pensar a respeito. É algo que temos muito interesse em trabalhar com nossos parceiros”, disse.

A embaixadora disse que essa primeira viagem é ainda exploratória, dado que o novo governo tem menos de três meses, mas o governo de Joe Biden pretende se engajar em discussões contínuas para ampliar o comércio entre os dois países.

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Grupos técnicos devem trabalhar para até o final do ano ter um rascunho de acordos para ampliar o comércio e a cooperação entre Brasil e Estados Unidos, disse.

Em 2022, as trocas comerciais entre os dois países alcançaram nível recorde, de cerca de 88 bilhões de dólares, 26% a mais que em 2021, com déficit para o Brasil de 14 bilhões de dólares.

Ao ser questionada sobre a influência da China na América Latina, que tem ocupado um espaço de comércio e investimento antes fortemente ligado aos Estados Unidos, Tai disse que o todos fazem comércio com o país asiático, inclusive os EUA, o que é uma oportunidade e um desafio.

Perguntada sobre o fato da China, maior parceira comercial do Brasil, ter aumentado sua participação com oferta de crédito, a embaixadora não apontou a possibilidade dos EUA fazerem o mesmo.

Segundo Tai, o que aproxima os EUA da região são as similaridades históricas e os valores, e defendeu, por exemplo, o investimento no desenvolvimento de cadeias de produção suplementares.

Tai é a segunda visita de alto escalão do governo norte-americano em pouco mais de dois meses de governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Na semana passada, esteve em Brasília o enviado especial para Mudanças Climáticas dos EUA, John Kerry. Ainda durante o período de transição, em dezembro de 2022, Lula recebeu também o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan. Lula fez uma visita oficial a Biden em fevereiro.

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