No aguardo para entrar no biodiesel, óleo de macaúba vai para o mercado de especialidades
Em conversa com Money Times, em agosto de 2019, o CEO da Soleá adiantou os planos para a extração de óleo de macaúba do final daquele ano para 2020. Mas a leva inicial ficou para 2021.
A primeira colheita dos frutos dessa espécie será este ano e a produção industrial voltada para o mercado de especialidades também.
O foco no biodiesel ainda está mantido, para um prazo mais largo, afirma ainda Felipe Morbi, enquanto as áreas agriculturáveis comercialmente tendem a crescer.
Afinal, repete o executivo o que disse lá atrás, a meta de mistura de óleo de matérias-primas renováveis ao diesel, até 2028, deverá precisar de 15% a mais de outras biomassas para se somar à campeã soja, seguida de sebos animais.
E a macaúba da Soleá deverá estar presente, sustentada pela produtividade lavoura-indústria, seguindo o conceito zero waste (desperdício zero, em tradução livre). Para a empresa, a macaúba gera 9 toneladas de óleo por hectare.
A palma, muito utilizada na Ásia, 3,8 t/ha; a colza e o girassol (Europa, EUA e Canadá, entre outros países), 0,8 e 0,7 t/ha; e a soja, 0,6.
No Brasil, a soja leva tremenda vantagem na produção de biodiesel pelo sua enorme área e alta produção, acima de 133 milhões/t, segundo as previsões para a safra 20/21.
Por hora, Felipe Morbi fala em óleo para especialidades alimentícias, mas com saída como insumos para higiene e beleza e setor químico.
Além de farinha da polpa e aproveitamento também da folhagem (biomassa seca), dentro do conceito desperdício zero.
Nas duas frentes de atuação, campo e transformação, o grupo é biotecnológico. A indústria em João Pinheiro (MG), com as plantações nas redondezas, e a outra empresa do grupo, a Acrotech (Viçosa), responsável pela multiplicação das mudas, validação das condições de plantios.
E agora está praticamente concluindo o processo mais avançado de clonagem da macaúba.
Sequestra carbono de um lado – inclusive enriquecendo os campos com produção de macaúba em consórcio com outras culturas -, e fornece matérias-primas com baixíssimo teor de carbono.
Costurando tudo isso com a geração de valor às comunidades, diz o CEO da Soleá, uma vez que essa espécie vegetal está muito próxima vocacionalmente de regiões carentes, como Norte de Minas, embora sua ocorrência se dispersa por vários paralelos.