Setor Automotivo

Nissan estudar vender duas fábricas na Europa

24 out 2019, 14:02 - atualizado em 24 out 2019, 14:02
O recuo na Europa seria demonstração da magnitude das medidas em estudo para reduzir custos e tratar da piora drástica nos lucros (Imagem: Divulgação Nissan)

Diante da queda das vendas na Europa e da migração da indústria automotiva para os carros elétricos, a Nissan Motor estuda o que fazer com duas fábricas no continente, segundo pessoas com conhecimento do assunto.

A montadora japonesa, que em março avisou que pararia de vender veículos da marca de luxo Infiniti na Europa Ocidental, avalia o interesse de potenciais compradores nas fábricas no Reino Unido e Espanha, disseram as fontes, que solicitaram anonimato porque as discussões são privadas.

Se livrar de uma ou das duas plantas é uma opção, em vista do encolhimento da participação de mercado da Nissan na região. Nenhuma decisão foi tomada ainda, mas montadoras chinesas podem aparecer como compradoras, informaram essas pessoas.

O recuo na Europa seria demonstração da magnitude das medidas em estudo para reduzir custos e tratar da piora drástica nos lucros desde a prisão no ano passado do ex-presidente do Conselho Carlos Ghosn, acusado de crimes financeiros. O lucro da Nissan praticamente zerou no primeiro semestre, impondo ao novo comandante, Makoto Uchida, uma batalha para estabilizar as operações e reparar o relacionamento tenso com a parceira Renault.

“Neste momento, não temos planos de vender essas duas plantas na Europa”, afirmou Azusa Momose, porta-voz da companhia sediada em Yokohama.

A Nissan, que em julho anunciou planos para demitir 12.500 funcionários globalmente, pretende se concentrar no mercado doméstico, nos EUA e na China, disseram as fontes. Com o declínio das vendas, sua participação no mercado europeu diminuiu para apenas 2,5% no ano até setembro.

A queda de Ghosn, que nega as acusações, abalou o relacionamento da Nissan com a francesa Renault, sua maior acionista, em meio à desaceleração das vendas do setor e da onerosa migração para os carros elétricos.

A Nissan já anunciou alguns cortes na Europa, incluindo planos para eliminar 600 dos 3.000 empregos da fábrica em Barcelona. A unidade trabalha abaixo da capacidade de produção anual de 200.000 veículos, segundo as fontes. Em fevereiro, a Nissan desistiu de fabricar o utilitário esportivo X-Trail na planta de Sunderland, no Reino Unido, citando incertezas relativas ao Brexit.

A montadora alertou que tarifas induzidas pelo Brexit sobre a exportação de automóveis para a Europa provavelmente inviabilizariam as operações da Nissan no Reino Unido. Seria difícil fechar a fábrica de Sunderland, que no ano passado fabricou 450.000 carros e enviou 70% da produção para a União Europeia.

A empresa apresentou uma nova versão do crossover Juke, voltado para o mercado europeu, no início deste mês. A mesma plataforma está sendo usada pela Renault para montar as últimas versões do supermini Clio e do crossover Captur na França.

Também há dúvidas sobre o futuro do pequeno automóvel Micra da marca Nissan, montado na fábrica da Renault em Flins, perto de Paris. Segundo duas das fontes, a expectativa é que a planta, que também produz o carro elétrico Zoe da marca Renault, produza pouco mais de 50.000 veículos Micra este ano, bem menos que a meta inicial de 82.000. A Nissan não se comprometeu em produzir qualquer outro veículo naquela fábrica no futuro.

Um porta-voz da Renault preferiu não comentar os planos da Nissan para Flins.

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