“Ninguém muda o rumo da Petrobras de um dia para o outro”, diz ex-presidente da PETR4
“Na indústria de petróleo, tudo é de longo prazo, ninguém muda o rumo de uma empresa do tamanho da Petrobras de um dia para o outro”, afirmou Sérgio Gabrielli, ex-presidente da companhia, em entrevista ao Money Times.
Segundo ele, a estatal tem o potencial para se tornar uma empresa de energia, seguindo os passos de outras petroleiras globais, como Shell e BP (British Petroleum).
“Veja a lucratividade que ela [Petrobras] teve esse ano, só que ela distribuiu mais de 100% do lucro em dividendos“, defende.
Sérgio Gabrielli esteve no comando da petroleira de 2005 a 2012, o mais longevo no cargo.
Na visão do ex-presidente, para mudar essa rota e pensar na petroleira como uma empresa de energia, “é preciso ter uma programação, e leva tempo para mudar a rota”.
Para concretizar essas mudanças, portanto, Gabrielli conta que é preciso de um novo programa modular.
O primeiro passo seria a redefinição do plano estratégico. Nele, a Petrobras deve “definir a prioridade do refino, para a exploração, para a integração dos segmentos do negócio, o que leva um tempo”.
Para o ex-presidente, é evidente que esse plano de investimentos, necessariamente, precisa estar alinhado com a revisão do plano de caixa da empresa, o que “envolve a política de pagamento de dividendos”.
“A empresa precisa combinar o retorno de curto prazo para os acionistas, com o retorno de longo prazo para os acionistas”.
Para Gabrielli, a Petrobras precisa repensar o refino, o que envolve investimentos no aumento da capacidade de produção existente, para criar uma refinaria de “alta complexidade, integrada e capaz de atender o crescimento da demanda brasileira de derivados”.
Além disso, ele ressalta a importância de redefinir uma nova política de exploração, “que não pode se limitar à margem equatorial”.
Planejamento 2023-2027
Na última semana, a Petrobras (PETR4) anunciou o seu plano de investimentos 2023-2027, que elevou o valor a ser investido nos próximos anos em 15%.
No dia seguinte, as ações da petroleira recuaram 2%, uma reação dos mercados à possibilidade da nova gestão do governo alterar os planos apresentados.
A Ativa Investimentos ressaltou que o projeto dialoga com a gestão atual e mantém uma proporção de 80% dos recursos a serem alocados para investimentos em exploração e produção, sendo 2/3 deste valor para o pré-sal, “o que é visto como extremamente positivo para a companhia”.
Para Ruy Hungria, analista da Empiricus, ao que tudo indica, o plano da atual gestão para 2023-2027 não está de acordo com os planos do próximo governo para a companhia.
Apesar disso, o analista explica que a Petrobras segue bastante barata e oferecendo bons dividendos, “mesmo já considerando uma piora da alocação de capital pela frente”
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