Economia

‘Ninguém está vendo nada catastrófico no Brasil’, diz Joaquim Levy, do Safra

24 set 2024, 17:25 - atualizado em 25 set 2024, 0:26
Joaquim Levy
(Imagem: Divulgação/ Banco Safra)

O mercado desandou nas últimas semanas em meio ao temor de inflação alta, elevação dos juros e desajustes nas contas públicas. Desde as máximas do ano, o Ibovespa chegou a recuar 5%. Um descongelamento de R$ 1,7 bilhão de gastos ajudou a piorar o mau-humor.

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Mas para Joaquim Levy, diretor de Estratégia Econômica e Relações com Mercados do Safra, o cenário não é de uma ‘catástrofe’, apesar dos desafios. “Desafios têm todo dia, mas eu acho que ninguém está vendo nada catastrófico no Brasil”.

Segundo o ex-ministro da Fazenda, o país vive “uma economia que está crescendo, o emprego indo bem, inflação baixa. Os desafios fiscais teremos que enfrentar com serenidade e clareza”.

A fala ocorreu em conversa com jornalistas no Safra Conference, que reuniu os principais empresários do país.

Olha, estamos aqui com cinco empresários, de diferentes setores, e estão extremamente confiantes”, afirmou. 

O evento contou com nomes como Guilherme Johannpeter, da Gerdau (GGBR4), Rubens Menin, da MRV (MRVE3), Rubens Ometto, da Cosan (CSAN3), entre outros, em painéis que os jornalistas não tiveram acesso.

Questionado pelo Money Times se o governo está enfrentando os desafios fiscais, Levy respondeu que a equipe econômica está ‘fazendo o que pode’.

“O Ministério da Fazenda tem sido muito consistente, tem muito diálogo com o Congresso, garantindo que as coisas avancem. Ontem, o vice-presidente Alckmin disse que vai ter cumprimento do arcabouço, isso está garantido.  O Alckmin entende esse negócio de fiscal“, disse.

Parte do mercado e gestores questionam a sustentabilidade do acarbouço. Em evento da XP, Luis Stuhlberger, da Verde, um duro crítico do Palácio do Planalto, afirmou que o governo possui política expansionista de “turbinar a economia em todos os cilindros possíveis”.

“O Fernando Haddad tem sido bem-sucedido em empurrar os problemas para frente. Mas se você olhar para a tendência dos gastos, está explosiva e o mercado pode perceber isso”, disse na ocasião.

Na visão de Levy, “há uma série de indicadores de que o cumprimento do arcabouço é cada vez mais crível”.

Para justificar a declaração, cita que o governo trocou receitas incertas do Carf por receitas mais certas, resultante de uma longa negociação no Congresso.

“Agora se sabe como a desoneração da folha vai ser compensada. Pelo menos por agora. Depois, mais para frente, vamos ver como é que evolui.”

Ata do Copom

Sobre a ata do Copom, publicada nesta terça, Levy a classificou como ‘interessante’. “Ela foi muito cautelosa”.

“Por exemplo, temos a boa notícia que o mercado de trabalho está vigoroso, mas isso ainda não se traduziu em pressões de preço”, destacou.

Ainda segundo ele, o Banco Central continuará diligentemente, observando como a economia responderá antes de dar outros passos.

“Tem gente que já está se precipitando, já diz que vai subir 3%, mas não é isso que o Banco Central está falando”, coloca.

Assim como no comunicado, o Comitê não deu indicação sobre o ritmo e a magnitude total do ciclo de aperto monetário.

Alta da Selic

Na última semana, a autoridade monetária optou elevar a Selic em 0,25 ponto percentual (p.p.), para 10,75% ao ano.

Levy lembra que o BC já havia sinalizado que aumentaria os juros.

Quando isso foi dado lá atrás, há mais ou menos um mês e meio, eu falei que era uma opção interessante, porque criava uma ponte”, colocou.

Essa ponte, de acordo com ele, irá até novembro.

“Como estará o mundo em novembro? O próprio Roberto Campos falou, tem eleição lá nos Estados Unidos, o que acontece com a economia mundial, a China agora deu uns estímulos fiscais. Então, assim, temos que ir no passo a passo, ver como é que vai estar o cenário”, colocou.

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