Nicholas Sacchi: como o RPG pode ajudá-lo a entender o mercado cripto neste ano
Se tem uma coisa que eu adoro nessa vida é a cultura geek. Computadores, tecnologia, games, RPG, ficção científica e uma boa fantasia medieval ou narrativa épica fazem o meu dia mais feliz.
Basta olhar com calma para o mercado que cubro e perceberá que isso faz todo o sentido (eu ser parte desse mundo, quero dizer).
Na linha das referências nerds que poucas pessoas compreendem, há o ano de vinte-vinte (2020). Por ironia do destino (e pela sorte de Tymora), tenho um sogro que segue a mesma linha cultural que eu, com a diferença de ele ter caminhado alguns anos a mais nesse terreno de fantasia.
Para se ter uma ideia, ele fez parte da equipe que traduziu os primeiros livros de RPG do país.
Caso você não conheça, nesse tipo de jogo, narra-se uma aventura, onde cada um dos participantes incorpora um personagem diferente, podendo ser um mago, um caçador, um guerreiro ou qualquer coisa que o valha.
Os jogadores podem, inclusive, vestir-se como os personagens que representam se assim o quiserem. No geral, isso tende a tornar a experiência mais vívida e interessante.
Ao longo da aventura, os jogadores se deparam com inimigos que devem ser derrotados. A batalha toda é feita com a utilização de dados de diferentes tamanhos. Um deles é o dado de vinte faces, também chamado de d20.
Ocorre que, se um dos jogadores rola um d20 e é agraciado com a face que apresenta o número 20, ele desfere um golpe crítico, isto é, inflige duas vezes mais dano ao inimigo do que o inicialmente previsto.
Na realidade, há quem diga que um 20 num dado de 20 faces te dá livre acesso a qualquer coisa, inclusive a seduzir e casar-se com a criatura mais sinistra do jogo.
Justamente por isso, do ano de vinte-vinte, surge uma piada pronta. Para nós, entusiastas de RPG, ele será o ano crítico.
E o mais impressionante é que, por mais que não passe de uma brincadeira, 2020 já iniciou com acontecimentos tensos sendo destaque na mídia, como os incêndios devastadores que tomaram conta da Austrália e os conflitos militares entre Estados Unidos e Irã.
Apesar de me preocupar verdadeiramente com a devastação que vem sendo causada na Austrália pelas chamas, o meu foco atualmente tem sido tentar compreender minimamente os conflitos no Oriente Médio.
Afinal, enquanto estrategista de criptoativos, devo estar atento a qualquer evento que possa gerar a fuga do dinheiro para ativos tidos como proteção contra o caos, uma vez que acredito que o bitcoin se enquadra justamente nessa categoria.
Enfatizo que a minha intenção não é parecer um especialista em Oriente Médio ou qualquer coisa do gênero. Seria muita prepotência da minha parte supor que, em algumas poucas semanas de estudo, eu estaria qualificado a opinar sobre o tema.
Ainda assim, acompanho as cotações do bitcoin todos os dias e, simultaneamente, procuro entender o que está acontecendo no contexto macro, em termos políticos e econômicos, que possam justificar os movimentos nos preços.
Coincidência ou não, no dia em que os EUA informaram que haviam assassinado o general iraniano Qassem Soleimani, tido como herói por parte da população do seu país, os preços do bitcoin saíram de uma zona de congestão que vinha desde o final de novembro de 2019.
Conforme as tensões na região aumentaram, com a promessa de retaliação por parte do governo do Irã, o movimento de alta foi intensificado e continuou seguindo esse padrão após o ataque assumido pelo governo iraniano a duas bases americanas no Iraque.
Se o quadro se agravar, acredito que a demanda pelo bitcoin tende a crescer ainda mais, pressionando novamente os preços para cima.
Ainda na linha dos eventos que podem impactar os preços do criptoativo, neste ano, teremos o halving do bitcoin, em que a remuneração pelo registro das transações cairá pela metade.
O evento está previsto para o dia 24 de maio e, caso o comportamento registrado nos últimos dois eventos semelhantes se repita, poderemos ver uma nova disparada nos preços.
Só o tempo poderá dizer qual será o desenrolar de cada um desses acontecimentos, mas uma coisa é certa: vinte-vinte é um ano crítico.
Um abraço!