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Next quer seguir modelo de gigantes da internet

05 jun 2017, 17:53 - atualizado em 05 nov 2017, 14:02

O desafio do Next, do Bradesco, ao chegar ao mercado não é apenas oferecer uma experiência de navegação e de serviços tão boa ou melhor do que a dos grandes bancos ou das fintechs (startups financeiras). Segundo especialistas ouvidos pela reportagem, o banco digital terá uma missão mais difícil: tentar se inserir de forma recorrente na vida do usuário. Neste sentido, o modelo a ser seguido deixa de ser o setor financeiro e passa a refletir os gigantes da internet, como Amazon, Google e Netflix.

Segundo o vice-presidente executivo do Bradesco, Maurício Minas, uma das inspirações para o Next foi justamente a megavarejista online Amazon, que se tornou onipresente no mercado americano ao vender todo o tipo de produto não só a partir de seu site, mas também por meio de seu sistema de gestão doméstica, o Echo. Pensando em ir além das transações bancárias, o Next vai agregar uma série de serviços que poderão ser acessados, com desconto, a partir de seu app – tudo para que o cliente passe mais tempo dentro da plataforma.

“A medida do sucesso, no mundo da tecnologia móvel, é estarmos na primeira tela do celular das pessoas. É esse o objetivo”, explica Minas. Para garantir uma navegação agradável e conseguir fazer o Next se comunicar facilmente com outras plataformas – como a dos parceiros que estarão presentes no app -, o Bradesco se cercou de fornecedores com experiência no mundo digital.

A agência de publicidade americana R/GA, que criou o aplicativo de corridas da Nike, em conjunto com o Google, ficou responsável pela parte visual do Next. Já a integração de diferentes plataformas à espinha dorsal do banco ficou a cargo da Capco, também dos Estados Unidos. A Capco atende a pesos pesados globais como Morgan Stanley, HBSC e UBS. “O Bradesco entendeu que não era suficiente só adicionar elementos digitais para fazer o Next”, diz Guido Tamborini, sócio-diretor da Capco.

“Os bancos sempre tiveram ecossistemas tecnológicos fechados. E o Next tem conceito aberto, do ponto de vista de tecnologia, o que permite a inclusão de mais serviços à plataforma.” Com o projeto do Bradesco como “cartão de visita”, a Capco vai anunciar nesta semana a abertura de uma operação própria no País. Tamborini diz que, nos últimos meses, o Next se tornou alvo de curiosidade de desenvolvedores de tecnologia bancária em todo o mundo. “Acredito que o Next poderá colocar o Brasil na posição de ditar tendências da digitalização do setor financeiro na América Latina.”

Escala

Segundo Pedro Waengertner, presidente da aceleradora Ace, o Bradesco pode se tornar uma pedra no caminho das startups que oferecem serviços financeiros digitais. Isso porque o banco tem uma vantagem sobre elas: a capacidade financeira de dar escala a seus empreendimentos. Embora o Next vá começar a funcionar de forma paulatina nas próximas semanas, o Bradesco já programou uma campanha de marketing completa para o banco digital, que vai ao ar em julho. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

(Por Fernando Scheller)